FafeDesportivo à
conversa com Miguel Paredes
Texto e fotos: Abel Castro
- A nossa classificação não foi valorizada a nível concelhio.
- Em grande parte dos jogos não tive 18 jogadores.
- Campeonato será ainda mais difícil, com as descidas do Joane e Ninense.
- Depois da A.D. Fafe, o Arões é o melhor clube em termos de Formação.
- O Clube perde com a saída de Pedro Castro.
- Derrota para a Taça A.F. Braga ainda não está digerida.
- No Arões não há dinheiro que pague a felicidade.
FafeDesportivo: Miguel o Arões terminou a temporada com um lugar no
pódio. Sente que a equipa deu o máximo para lá chegar, ou era capaz de produzir
mais?
Miguel Paredes: Se no início da época me dissessem que o Arões SC
iria ficar no 3.º lugar do campeonato iria ficar muito satisfeito com essa
classificação, que nessa altura até era acima do pensado e planeado. Claro que
ao longo da época e com o decorrer dos jogos o nosso pensamento foi no sentido
de querermos, até por justiça um dos primeiros 3 lugares da classificação, o
que acabou por acontecer. O Arões esta época num campeonato novo da
Pró-Nacional, que no fundo substituiu a 3.ª divisão nacional, campeonato esse
com 18 clubes efectuou uma prova excepcional, que do meu ponto de vista não foi
devidamente valorizada, principalmente a nível do nosso concelho. Num
campeonato competitivo, conseguimos 19 Vitórias e 8 empates, num total de 65
pontos, sendo o melhor ataque da prova, a melhor equipa a jogar em casa e mais poderíamos
ter conseguido caso tivéssemos um plantel mais vasto, o que não é possível por
limitações orçamentais. Neste momento deixe-me valorizar o trabalho dos atletas
que foram inexcedíveis na aplicação e tiveram um desempenho muito bom ao longo
de toda a época, tendo muitos deles dado um passo em frente na afirmação nestes
campeonatos. Tudo isto que referi foi conseguido com um dos mais baixos
orçamentos da Pro-nacional, que mesmo sendo mais baixo inclusivamente que
equipas que desceram de divisão, já é um orçamento difícil de cumprir por parte
do clube, que não tem o apoio autárquico que grande parte dos outros clubes do
campeonato têm, até porque são sedes de concelho como é o caso de Maria da
Fonte, Vieira, Celoricense, Esposende e de outros em que as autarquias ajudam
de uma forma muito significativa como é exemplo o Merelinense e o CCD Santa
Eulália.
FafeDesportivo: A exemplo da época passada, a sua equipa claudicou
no último terço do campeonato. Foi mera coincidência, ou existem factores que
justifiquem essa quebra de rendimento?
Miguel Paredes: Essa sua observação não está correta, pelo que não
concordo com ela. A equipa não claudicou no último terço do campeonato, antes
pelo contrário. Repare que a equipa fez 34 pontos na 1.ª volta e 31 na 2.ª volta
o que evidencia uma certa regularidade, tendo inclusivamente nos últimos 6
jogos do campeonato obtido 4 vitórias e 2 empates, somando 14 pontos em 18
possíveis. O que aconteceu é que por força da taça de Portugal, houve ao longo
do campeonato várias equipas com muitos jogos em atraso o que fez com que
andássemos na frente do campeonato muitas jornadas, o que deixou de acontecer
quando os jogos se normalizaram. Sabe que muitas vezes não se faz uma análise
correta da situação e depois algumas situações tornam-se verdades absolutas,
situações essas que analisadas pormenorizadamente são facilmente
rebatidas.
FafeDesportivo: O Arões S.C. chegou a liderar o campeonato
Pró-Nacional. Nunca ouvimos ninguém do clube dizer que eram candidatos. Está
arrependido de não ter assumido a subida? Não foi modéstia em demasia?
FafeDesportivo: A sua equipa foi a que mais golos marcou (65) no
campeonato Pró-Nacional. No que concerne a golos sofridos foi a quinta equipa
que menos sofreu. Se houvesse aqui uma aproximação, o Arões poderia somar os
seis pontos que faltaram para a subida?
Miguel Paredes: Fomos a equipa que mais golos marcou e na
diferencia de golos marcados e sofridos fomos a segunda melhor equipa com 29
golos positivos, o que é do meu ponto de vista excepcional. A nossa forma de
jogar potenciava a marcação de golos e os nossos jogadores sentiam-se bem dessa
forma, mas também tentávamos ser rigorosos a defender, mas o futebol é o
momento e por vezes uma desconcentração individual ou colectiva leva-nos a
sofrer um golo. Repare que muitas vezes defende-se mal e não se sofre golos,
porque o adversário falha, o GR defende, etc, etc e outras vezes a equipa tem
um comportamento exemplar a defender e acaba por sofrer um golo, num grande
remate ou outra situação semelhante. A nossa equipa marcou 65 golos e deve ter
tido uma % de eficácia na ordem dos 50% e foi essa falta de eficácia que não
nos permitiu ficar mais acima na classificação. Disso são exemplos os jogos de
S. Torcato, Brito, com o Marinhas e mesmo com o Santa Eulália em casa em que
desperdiçamos na 1.ª parte duas grandes ocasiões e que poderiam ter mudado o
rumo do jogo.
FafeDesportivo: Quem descobre os novos jogadores para o Arões? O
Miguel Paredes, o departamento de futebol, ou alguém do clube vocacionado para
essa área?
Miguel Paredes: É um trabalho de todos os elementos do departamento
de futebol. Nesse campo numa primeira fase tiveram muita importância, pelo
grande conhecimento que têm do campeonato distrital o presidente Pedro Castro e
o Director Desportivo Paulo Martins. Nesta última época para além desses dois
elementos a equipa técnica já teve um maior envolvimento. Na próxima época será
novamente o departamento de futebol, para o qual entra o Vítor Castro e se
mantém Paulo Martins, que trabalhará juntamente com a equipa técnica na
elaboração do plantel.
FafeDesportivo: Sente que o Arões, com um ou outro reajuste, é
clube para assumir declaradamente uma subida de divisão? Ou as pessoas do clube
não querem?
Miguel Paredes: Começo por dizer que do querer ao poder vai uma
grande diferença. Aquilo que para um clube como o Vieira, Merelinense,
Serzedelo, Maria da Fonte, Taipas, Porto D´Ave,
etc, etc é pouco, para nós Arões SC é muito. Acho que esta frase resume
na perfeição a realidade do campeonato. Claro que temos outros argumentos que
jogam a nosso favor e temos principalmente jogadores dos melhores do campeonato
e isso faz-nos estar sempre muito motivados. No entanto, cada vez mais os
clubes estarão prevenidos contra a força do Arões e isso será mais uma dificuldade.
Na minha opinião as equipas que desceram dos campeonatos nacionais encararam
este campeonato de uma forma algo displicente, contando que por virem desses
campeonatos teriam um estatuto que lhes permitiria com facilidade fazer um bom
campeonato e o que é certo é que tiveram dificuldades em manter-se nesta
divisão. Exemplo disso foram o Taipas, Esposende, Marinhas e Maria da Fonte que
correram riscos de descer, mas que do meu ponto de vista não vão cometer o
mesmo erro, pelo que este campeonato será muito mais difícil no próximo ano,
até pela descida do Joane e Ninense.
FafeDesportivo: A “velha” questão dos adeptos de S. Romão e da
Portela está devidamente ultrapassada? Sente que há actualmente mais apoio em
torno da equipa sénior de futebol?
Miguel Paredes: Nestes dois anos em que estou em Arões, essa é uma
questão que nem se coloca. Para mim as pessoas são de Arões e os que vêm ver os
jogos são bem-vindos e tudo fazemos para lhes proporcionar as vitórias. Mas
deixe-me fazer um reparo, quando as coisas não correm tão bem, precisamos do
apoio mais que nunca, pelo que lhes pedimos para nos apoiar principalmente
quando as coisas não correm bem, até porque os jogadores têm provado que dão
tudo em prol da equipa.
FafeDesportivo: Há um jogo que certamente não vai nunca esquecer.
Referimo-nos à eliminação em casa nos quartos-de-final da Taça A.F. Braga
perante os Amigos de Urgeses, equipa de um escalão inferior e classificada nos
lugares do fundo. Conte-nos como tudo
aconteceu…
Miguel Paredes: Olhe a época do Arões foi muito boa, até histórica,
uma vez que obtivemos a melhor classificação de sempre, mas poderia ser ainda
melhor. Ficou a mágoa da eliminação na
taça, no jogo frente ao Amigos de Urgeses. O jogo resume-se ao domínio total do
Arões SC, com falhas clamorosas na finalização, com bolas nos postes e barras,
grandes defesas do GR adversário, ineficácia dos nossos atletas, algumas situações
de desleixo e como muitas vezes acontece no futebol, no único remate à baliza
do nosso adversário fez um golo aos 85 minutos. Foi uma derrota que ainda não
foi digerida e que deixou marcas, até pela presença na final que tínhamos tido
na época anterior e queríamos repetir.
FafeDesportivo: Sabemos que se sente bem no Arões, onde tem
efectuado um excelente trabalho, e onde é acarinhado e respeitado pelas
pessoas. Com a mudança de presidente acha que tudo vai ser exactamente igual?
Miguel Paredes: Em primeiro lugar deixe-me deixar uma palavra de
apreço e de carinho para com o presidente Pedro Castro. Foi ele que me levou
novamente para o Arões e tivemos dois anos de excelente colaboração. O Clube
perde com a sua saída e do meu ponto de vista, o Pedro Castro é a imagem do
clube moderno em que o Arões se tornou. Muito do que o clube é e conquistou se
deve ao Pedro Castro e suas direcções. Agora, houve alterações, mas a direcção mantem-se e com a entrada do Vítor Castro, as condições de estabilidade necessária
à equipa de futebol mantêm-se, sendo que em algumas situações até pode haver
alguma melhoria, pelo que penso estarem reunidas condições para um bom
trabalho.
FafeDesportivo: Sabemos também que é um treinador muito atento à
formação. Trabalha-se bem em Arões? Há algum jogador que mais tarde ou mais
cedo possa “encaixar” no plantel principal?
Miguel Paredes: Já disse e volto a repetir, depois da AD Fafe o
Arões é o melhor clube do concelho no que respeita à formação. Tem um excelente
coordenador, o prof. Ricardo Cunha e está a crescer lentamente. Este ano farão
parte do plantel alguns juniores, que ainda têm muito para crescer e para isso
têm de ter uma mentalidade em que o trabalho, humildade e espírito de sacrifício esteja presente. No entanto, do meu ponto de vista, será num futuro
não muito distante que os jogadores da formação do Arões SC terão condições
para entrar num plantel sénior disputando de igual para igual um lugar na
equipa. Serão os jogadores que têm feito o trajecto pelos vários escalões, que
vão crescendo com a competição que terão mais condições para isso. Deixe-me
destacar que este anos conseguimos premiar três ou 4 atletas com alguns minutos
em situações muito especiais de alguns jogos,
prémio merecido e justo e disso não fizemos propaganda excessiva como
por vezes outros fazem.
FafeDesportivo: A próxima temporada já está em marcha. Vai manter o
núcleo duro da equipa? Quantos reforços acha necessários? Quais os objectivos
para 2014/15?
Miguel Paredes: Acabamos de acertar a continuidade da equipa
técnica e o nosso objectivo é manter cerca de 90% do plantel da época passada e
entrarem alguns reforços. Precisamos de 4/5 jogadores de qualidade e que
acrescentem algo mais ao nosso plantel, mas como diz o povo o segredo é a alma
do negócio. No entanto deixe que mande uma mensagem aos possíveis reforços,
mais importante que as questões financeiras é o bem estar que se vive no nosso
grupo de trabalho e como também diz o povo, “não há dinheiro que pague a
felicidade”.
FafeDesportivo: Acha correcto vermos apenas subir uma equipa no
campeonato Pró-Nacional, composto por dezoito formações? Concorda com o modelo?
Miguel Paredes: São as regras e as regras são para serem cumpridas,
mas seria mais justo a subida de dois clubes, uma vez que se trata de um
campeonato de 18 equipas.
FafeDesportivo: Gostaria de deixar nesta parte final algum
agradecimento/crítica para alguém? Disponha…
Miguel Paredes: Gostaria de agradecer em primeiro lugar aos meus
colegas da equipa técnica, Prof. Ricardo Cunha e Fernando Ferreira pela
excelente colaboração e amizade, ao Pedro Castro e Paulo Martins por confiarem
em mim e estarem sempre do nosso lado e à restante direcção do Arões SC por me
tratarem da forma como sempre o fizerem. Deixo ainda um agradecimento aos
sócios e adeptos pelo apoio, bem como às nossas famílias, quer dos atletas,
quer da equipa técnica e da direcção, pela compreensão e apoio que nos deram.
Por último e ainda mais importante, aos nossos atletas um muito obrigado por
aquilo que sempre foram, isto é, excelentes jogadores e grandes homens.
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