Na sua página do Facebook denominada AD Fafe Candidatura Jorge Fernandes, o recém reeleito presidente da AD Fafe faz uma longa declaração, onde faz menção da sua entrada na AD Fafe, das dívidas e dos salários em atraso na altura.
Jorge Fernandes refere-se ainda aos ex-capitães da AD Fafe como sendo os principais responsáveis pela instabilidade que se criou no balneário na temporada passada.
Aqui ficam as suas declarações, que reproduzimos integralmente;
Caros Sócios,
Aproveitando o facto de a época desportiva ter terminado a 30 de junho, e estar agora a iniciar um novo ciclo na presidência deste clube, decidi dirigir-me a vocês, numa espécie de balanço pessoal e também de partilha do que fora por mim vivenciado na condição de presidente de um clube que até há alguns anos congregava num mesmo espaço a minha paixão enquanto adepto do clube da terra e o local onde exercia a minha atividade profissional no ramo da restauração.
A minha entrada para a direção do clube, presidida na altura por Albino Salgado adveio de um pedido de ajuda por parte de Vítor Peixoto e Hernâni Castro, por forma a fazer face às condicionantes que o clube enfrentava na época 2011/12: 4 meses de salários em atraso (totalizando um montante de cerca de 100mil euros), dívidas a fornecedores, dívidas ao Estado (Finanças e Segurança Social), falta de material para treino, falta de recursos humanos, e como por vezes recordo: falta de papel higiénico nas casas de banho.
Resumidamente, um clube numa situação asfixiante e sem condições de crédito.
Chegada a época 2014/15, a situação começou a serenar. Desde então e até ao momento presente, todas as obrigações para com os atletas e funcionários da instituição são cumpridas. Aliás, a minha prioridade de sempre e para sempre.
Com os anos fui-me apercebendo que o facto da Associação Desportiva de Fafe viver muito da sua Formação, valorizando, e bem, os atletas das suas camadas jovens, traria sempre as suas vantagens, óbvias, mas também as suas desvantagens, não tão óbvias ao olhar mais despercebido. A época passada foi disso ilustrativa e muito enriquecedora para mim, enquanto pessoa que presidia um clube e um grupo de profissionais e do quanto alguns conseguem sobrepor os seus interesses pessoais aos do clube que representam. As prioridades foram-se invertendo para uns, as minhas mantiveram-se e mantêm-se: o “Fafe”. E não um lugar ou cargo que ocupe no “Fafe”. Inevitavelmente, no seio do grupo de trabalho esta inversão de prioridades traduziu-se em instabilidades que se foram gerando, afetando, por conseguinte, o grupo de trabalho. A dinâmica de balneário alterou-se. Tal situação foi dada a conhecer à Administração pelos próprios treinadores, como é de sua responsabilidade.
Como Presidente deste clube tinha de intervir e intervim. Tomei decisões que considerei serem as melhores para o clube. Mas também rapidamente percebi que “a união faz a força”, e eu só tinha a força, não a união. Pelo menos do meu lado…O clima negativo adensou-se e usei a minha frontalidade, que muitos conhecerão e que define parte da minha maneira de estar, e exigi. Exigi em prol do clube, em prol de uma manutenção que começava a ficar em risco. Reuni com os responsáveis máximos do balneário, os capitães. A exigência sobre os mesmos, que fiz questão de lhas enumerar, foi de que teriam acima de tudo de assumir as responsabilidades de trabalhar em prol do grupo, do clube, e que terminassem com o disseminar contínuo das ditas instabilidades. O resultado final não correspondeu de maneira nenhuma ao pretendido. E o pretendido era tão somente o continuar com um projeto alicerçado pelo trabalho da Direção e alancar o desejo de uma população: A manutenção. Não havia mais um grupo coeso e produtivo. Senti-o clamorosamente quando a determinada altura pretendi homenagear um capitão de equipa perante os sócios num dos jogos e o mesmo recusou. Comecei a perceber de forma mais evidente as ditas “instabilidades”. Já não tinha a “equipa comigo”. O pensamento de alguns no seio do grupo afastou-os do que os havia unido inicialmente: Ambição e “Amor ao Fafe para sempre”.
Por isso continuei com força, mas sem união. E o pior dos cenários acabou por se concretizar: a descida. Muitas situações para isso terão contribuído. A mim chamarei à responsabilidade o não ter agido mais cedo perante certas situações, com mais veemência perante atitudes e posturas de alguns, equacionando mesmo decisões radicais, que mesmo implicando um maior risco, talvez se concretizassem noutro desfecho. Contudo, não o fiz. Talvez o devesse ter feito…
Descida consumada, defini perante mim mesmo que um novo ciclo teria de suceder. E teria de começar pelo “balneário”, e não é a obras de remodelação que me refiro…
Aos na altura “capitães” indiquei-lhes que seriam livres para seguir as suas vidas profissionais, mas que qualquer que fosse o curso, esse não passaria pela ADFafe. As minhas palavras foram tão esclarecedoras para alguns, que houve mesmo quem se apressasse a resolver a sua vida, legitimamente, esquecendo contudo que tinha ainda vínculo contratual com a sua entidade patronal, o clube que o formou e o viu crescer.
A partir desse momento também eu segui e tracei o caminho que agora percorro: o de preparar a subida. De dar aos vindouros, aos que permaneceram após renovação de contrato (imunes a “instabilidades”) aos que “a casa” retornam, a mesma garantia que sempre definiu e define o meu trabalho e o da Direção que presido: Respeito! Respeito pela instituição que representamos, e a qual devemos priorizar sempre!
E porque eu não existo sozinho nesta Instituição, e porque me acompanham os mesmos de há uns anos para cá, e outros que agora chegam, por ser mais forte o que nos une e por comungarmos dos mesmos princípios que devem reger a conduta humana, quer na vida quer no futebol, um voto de “continuemos”, um saudar à nossa União em torno do Fafe e pelo Fafe. Porque a “União faz a Força” desde que impulsionada por valores que enalteçam o que dizemos sentir. E a nossa União eu prezo.
Quanto a vós, caros sócios, o dia 21 de maio de 2017 foi um dos dias mais difíceis de gerir emocionalmente em toda a minha vida. Humedeci os meus olhos de lágrimas, de mágoas e de raiva. Vi lágrimas de toda a espécie naquele dia. De homens feitos e de crianças, lágrimas verdadeiras e “lágrimas” de outra espécie qualquer, que bem me custaram a presenciar mas que em nada me surpreenderam… mas a vós, e só a vós vos digo em coro com todos os colegas desta Direção que muito me orgulha presidir: Sentimos a derrota naquele dia, no dia a seguir começámos a preparar a vitória, para o ano festejamo-la com todos vós!
É o Fafe, é o Fafe, à Vitória à Vitória.
Saudações cordiais
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