terça-feira, 14 de abril de 2015

Paulo Soares "Paulinho" em grande entrevista à Grande Área..."Antigamente eu não sabia perder"!


Fonte: Grande Área

"Antigamente eu não sabia perder"

A saída de Paulo Soares do comando técnico do Travassós tem sido muito badalada, pondo em causa a postura do treinador em relação ao processo. A Grande Área foi procurar saber junto do atual técnico do Ronfe os contornos da sua saída. 

G.A - A saída do Paulo de Travassós tem tido alguma controvérsia, em que contornos aconteceu a saída de Travassós para Ronfe?
P. Soares - Chegou ao fim um ciclo de vários anos, onde realmente tive muito sucesso e conheci pessoas maravilhosas, no entanto e já na época passada eu deveria ter saído, porque estava a deixar de ser apenas treinador e isso estava a prejudicar a minha carreira, nomeadamente ao nível do relacionamento com pessoas.
G.A. - Como surge a possibilidade de treinar o Ronfe?
P. Soares - O Ronfe apareceu quando desabafei com um amigo relacionado com o futebol e me referenciou ao presidente do Ronfe e assim surgiu a minha entrada neste clube.
G.A. - Sente alguma tristeza de tudo o que foi dito neste processo?
P. Soares - Sabe é muito fácil no futebol passar de bestial a besta, no inicio o Travassós não tinha condições de iniciar a época e eu juntamente com alguns amigos que gostam muito do Travassós arranjamos meios para iniciar, com uma equipinha de três tostões mas iniciou o campeonato e nós não perdíamos, criamos um grupo de balneário fantástico com jogadores de idade já avançada, outros que já estavam acabados, mas grandes Homens, graças a alguns deles, nomeadamente o Toninho, formaram um balneário maravilhoso, que depois com a entrada do Filipe Gonça, do Rui Ossos, do Tozé, do Mickey, tornou-se numa grande equipa aliada ao excelente balneário que os mais velhos tinham formado.
Depois de sair e por maldade algumas pessoas que não sabiam o que se passava lá dentro, outros que sabiam (o que lamento muito) falaram demais em relação ao assunto puramente mentira, mas é o que temos, sabe detesto pessoas (treinadores, diretores e até jogadores) que se desculpam com argumentos estúpidos, isso é sinónimo de falta de caracter e de segurança, quando se assume um projecto, em vez de se apontar o dedo deve-se trabalhar sem desculpas. Repare eu assumi o Ronfe e nessa mesma noite saíram 13 jogadores mais o massagista, o Sr. Presidente ligou-me, contou-me o acontecido e deixou-me à vontade para não assumir. A minha resposta foi a seguinte; Vamos trabalhar para mudar isto, nunca me ouviram falar do que aconteceu e assumo todo o insucesso até agora do Ronfe.
Quanto à tristeza digo apenas que as pessoas esquecem-se que a vida acaba e o futebol é apenas uma pequena gota dessa vida, prefiro apenas deixar esta mensagem... aproveitem o futebol para ter alegrias, amigos, conhecimentos, etc.. e não para criar inimigos e quezílias.

G.A. - Ao longo destes anos para além do crescimento como treinador, muitas amizades entao?
P. Soares - Hoje em dia os meus melhores amigos são do futebol, incluindo jogadores que passaram por mim, presidentes, directores, jogadores adversários, isso é fantástico, a maturidade do futebol ensinou-me muita coisa, antigamente eu não sabia perder, pensava que perder era sinónimo de incompetência, mas não, hoje sou uma pessoa e treinador diferente, aprendi que o trabalho é que nos leva ao sucesso, e não a treta ou o apontar do dedo.
"Nesta divisão estão os melhores, e só tem sucesso quem tem qualidade e trabalha e eu quero fazer partes desses".
Existe grandes planteis nesta divisão e grandes jogadores, desde o Torcatense, o Maria da Fonte, o Ninense, mesmo o Porto D'Ave as coisas como equipa não estão a sair mas tem jogadores de grande qualidade, como disse atrás uma divisão das melhores onde eu quero estar. Não quero com isso dizer que nas divisões abaixo não exista qualidade, não é isso, porque se puxar atrás digo que o Travassós tem e tivemos um Zé Beto, um Lapinha, um Filipe Gonça, um Carioca, um Rui Ossos, um Mickey, um Tiago, um Fernando, etc.. que jogavam em qualquer equipa da Pró-Nacional.
G.A. - No meio deste caso, o que te oferece dizer sobretudo às pessoas que acompanharam e acompanham o teu trabalho?
P. Soares - Bem! Em primeiro lugar, o teu trabalho só é acompanhado com mais atenção quando a equipa que treinas está bem, ou seja ganha. No entanto agradeço e espero que continuem a gostar daquilo que faço. Eu pela paixão que tenho pelo futebol e pelo que transmito em campo, sei que tenho mais pessoas atentas ao meu trabalho, e por isso certamente estas pessoas vão juntar-se aos que acreditam em mim, fico contente a o meu obrigado pelo apoio.
G.A. - Maldade ou mal entendidos em relação à tua saída?
P. Soares - Não quero pensar em maldade na minha saída, apenas mal entendidos e muita conversa falsa, porque repare as grandes e boas pessoas do clube são meus amigos, nomeadamente o Rui e Artur Castro, o Gil, o Mário, o Tio Jorge, o Paulinho, o Guedes, o Zeca, o Pedro e mais pessoas, inclusive no jogo da taça contra o Martim dei por ela que parte destes nomes que citei estavam a apoiar o Ronfe, nomeadamente a saltar nos golos, agora admito que a minha maneira de ser e de ajudar me prejudica, às vezes tenho que aprender a estar no meu canto, porque a interpretação das situações não é vista da mesma forma pelas pessoas, mas tenho a minha consciência tranquila, senão repare, em Dezembro/Janeiro perdi um dos melhores jogadores do plantel, que foi o Filipe Gonça e acredita que fui eu que lhe disse para sair, porque ia para um grande clube uma excelente divisão e não lhe podia garantir condições até ao final da época, como disse ao Lapinha nessa mesma altura, ou seja eu era o treinador estava em primeiro, ainda não tinha perdido e podia perder dois dos melhores jogadores, mas tinha a minha consciência tranquila e não tinha qualquer receio do que poderia acontecer, felizmente acabou por sair só um nessa altura. Quero com isto dizer que às vezes é melhor estar afastado dessas decisões e ser apenas treinador como o faço agora, depois também se falou muito porque eu apoiei a decisão do Toninho me substituir, sinceramente acho que foi uma boa aposta porque o Toninho reunia o consenso do balneário, inicialmente a minha aposta e disse ao Presidente poderia ser o Sr Armando que estava a treinar os G.R. outra pessoa que tinha o carinho, o respeito e admiração do balneário, a escolha foi para o Toninho e eu fiquei contente, no entanto se passasse pelo Mário eu também ficaria feliz, não é que tenha voto na matéria ou qualquer interferência, mas era importante deixar a equipa entregue a alguém que conhecesse as virtudes e defeitos desse plantel, mas sem qualquer intenção da minha parte. Acabou por ser conversa a minha opinião, mais uma vez conversa da treta, entre muitas tive uma razão muito importante que me "obrigou" a sair, senão repare, o Travassós estava em primeiro, não tinha perdido, tinha a melhor defesa e era o segundo ou terceiro melhor ataque porque sairia o treinador? Os críticos e inteligentes que sabem tudo ou pensam que sabem, que respondam. A verdade! Os diretores meus amigos, alguns jogadores, a minha família e meus amigos sabem e isso é que importa. Mais uma vez tenho a consciência tranquila, mas não podia prejudicar a minha família, nem prejudicar mais a minha carreira de treinador. Desejo do fundo do coração e sem qualquer demagogia que o Travassós suba de divisão, porque as pessoas merecem.
G.A. - A saída controversa de Travassós não apaga a tua forma de estar no futebol, muito menos o que foi feito ao longo destes anos como técnico?
P. Soares - Claro que não, todos os clubes que passei como jogador ou treinador eu deixei sempre tudo de mim, as vezes de uma forma incorreta, mas deixei o melhor de mim, claro que errei muitas vezes e certamente vou continuar a errar porque o erro faz parte do ser humano, e sei que o treinador não reúne o consenso das pessoas e mesmo dos jogadores, mas trabalhei e trabalho sempre para melhorar e ser cada vez melhor, porque o futebol faz parte da minha vida, mas quero aproveitar para agradecer ao Presidente do Gandarela da altura o Sr. Joaquim Carvalho, porque foi ele que me deu a oportunidade de iniciar a carreira de treinador, que já se prolonga há 11 anos sem interrupção, onde trabalhei com grandes Homens e grandes jogadores.
G.A. - Tens tido muito apoio de pessoas que confiam em ti neste momento, que nos parece delicado?
P. Soares - Ainda bem que faz a pergunta porque queria agradecer mesmo o apoio que tenho recebido de amigos e família, onde destaco a minha esposa e o Meirim que são sem duvida um grande pilar para mim.
Aproveito também esta oportunidade para felicitar o sucesso da página Grande Area, em nome do futebol e meu em particular obrigado pelo vosso trabalho em torno do nosso.

1 comentário:

  1. Saudações ao Fafedesportivo e obrigado ao Paulo Soares pela disponibilidade para efetuarmos a entrevista.

    ResponderEliminar