À
conversa com Francisco Castro ex-treinador do O.F.C. Antime...
- Técnico sente que tinha condições para continuar no O.F.C. Antime "Os meus objectivos estavam bem ao nosso alcance".
- "Não tenho amigos dentro dos clubes"
- "Para mim um balneário é sagrado. É um santuário"
- "Como adjunto sempre fui fiel ao meu chefe"
- "Sou um treinador sem medo!"
FafeDesportivo:
Francisco, antes de mais diga-nos como é viver, passar, caminhar sem o futebol?
Francisco
Castro: Difícil, diria mesmo difícil e estranho, pois foram 10 anos seguidos
sempre a treinar e em alguns desses anos acumulando equipa sénior e equipa de
formação em clubes diferentes, o que também me deixa lisonjeado pois mesmo
assim as pessoas fizeram questão que continuasse nos clubes, mas agora uma página
foi virada na minha vida e tenho que me habituar e esperar que o telefone toque
para um novo projecto.
FafeDesportivo:
Nunca pensou colocar o seu lugar à disposição, nomeadamente quando esteve seis
jogos sem vencer, mesmo com o apoio da Direcção do Antime? Não está arrependido
de o ter feito?
Francisco
Castro: Não, nunca pensei até porque se noutra altura já o tinha feito, nomeadamente
na época anterior, este ano não o fiz porque sentia e sabia que o problema não
era meu , a equipa estava a atravessar um período nada bom, mas nesses jogos na
maioria deles não foi inferior aos adversários mas sim até superior, mas são
contingências do futebol por esta ou aquela razão a bola não entrava e os
resultados não foram os melhores em alguns desses jogos, por isso como disse, em
relação à direcção do Antime, respeito a decisão deles mas não concordo,
exactamente por essa razão, pois mesmo assim estávamos numa posição na tabela
tranquila em relação aos últimos lugares e a apenas cinco pontos do objectivo
quando ainda faltavam 12 jogos..
FafeDesportivo:
Continua a achar que o seu saldo é positivo, certo? Mas uma equipa como o
Antime não podia estar sem vencer seis jogos Francisco. Explique-nos como é que
isto aconteceu…
Francisco
Castro: Claro que sim, foi um saldo positivo, pois nos três meses da época
2011-2012 com apenas nove jogos para se realizar e com a equipa em penúltimo lugar,
consegui o objectivo de o Antime não descer de divisão quando muitos, eu diria
a maioria, não acreditava nisso, sendo apelidado por vocês comunicação social,
como um milagre… No ano seguinte conseguimos ficar nos seis primeiros
classificados que era esse o nosso objectivo para jogar na divisão de honra nesta
época e apesar desses seis jogos sem ganhar esta época, estávamos com todas as
condições de chegar ao objectivo traçado, até porque até então sempre andamos nesses
lugares. Quanto ao estar seis jogos sem ganhar, isto é o que acontece a todas
as equipas durante a época. São fases menos boas, mas que vários factores
contribuem para elas, no nosso caso lesões de jogadores nucleares, castigos e
também os adversários. Se não repare, nesses seis jogos jogamos contra três dos
quatro primeiros e dois dérbis. Em todos esses jogos o Antime só não foi
superior aos seus adversários na primeira parte do jogo com o Louro e no jogo
com o Pica, de resto fomos melhores que os nossos adversários durante os
encontros e só não ganhamos por mera infelicidade, mas isto é o futebol e temos
de encarar isto com normalidade e é assim que eu faço.
FafeDesportivo:
A sua saída do Antime parece que não foi de todo pacífica. Pelo menos no que
concerne a alguns jogadores que o acusavam de só colocar a jogar os amigos...
Francisco
Castro: Claro que foi pacífica. A direcção decidiu prescindir dos meus serviços
e eu só tenho que respeitar, eles são soberanos assim como eu nas minhas opções
o fui sempre em defesa dos interesses do Antime. Até à data da minha saída
nunca nenhum jogador se dirigiu a mim a dizer isso. Eu não tenho amigos dentro dos
clubes que sejam jogadores, jogam aqueles que eu entendo que são os melhores,
naquele momento, naquele jogo e para aquela estratégia para defenderem o clube
que representam não o seu treinador, e se dúvidas existe os registos e estatísticas
dos jogos comprovam isso mesmo.
FafeDesportivo:
Sabemos também que o Francisco Castro na hora da despedida disse em pleno
balneário que não iria cumprimentar individualmente os jogadores, porque iria
passar à frente de alguns. Porquê? Quer-nos dizer quem são os jogadores em
questão?
Francisco
Castro: Uma das coisas que me orgulho como treinador é que o balneário e sagrado.
Ou seja aquilo que se fala e diz no balneário fica naquelas paredes, pois ali é
o nosso santuário, portanto não vai ser agora que eu vou dizer seja o que for
que foi dito em qualquer balneário de qualquer clube que eu representei.
FafeDesportivo:
Em relação aos seus adjuntos, ficou tudo bem? Isto porque nalgumas situações
são os próprios que se solidarizam com o técnico principal e também saem…
Francisco
Castro: Depende das situações. Cada um é livre de tomar a decisão que achar
melhor e eu de aceitar. Já estive como adjunto e sempre fui leal com o meu
chefe de equipa, e se voltar a ser adjunto de alguém, será sempre assim que vou agir.
FafeDesportivo:
A Direcção do Operário de Antime desejou-lhe as maiores felicidades na hora da
saída. Sente que deixou uma porta aberta para um eventual regresso?
Francisco
Castro: Claro que sim. Tenho a mesma consideração por todas as pessoas de
Antime como tinha antes. Eles tomaram esta decisão, eu não concordei com ela,
mas só tinha que respeitar e foi o que fiz, a página está virada e eu continuo
a respeitar e a ter consideração pelo Antime e pelas pessoas.
FafeDesportivo:
Arriscaria pegar agora num projecto semelhante ao que encontrou no Antime
aquando da sua ida para o clube?
Francisco
Castro: Sim, eu não tenho medo de desafios sejam eles para subir sejam para ou
para a manutenção. Sou um treinador de trabalho, de empenho, e que me dedico ao
máximo pelo clube que represento e os projectos difíceis são os mais
aliciantes. Espero por um projecto à minha medida, mas essencialmente credível
e competente, pois assim será logo o primeiro passo para se ter sucesso.
FafeDesportivo:
Ainda não foi convidado para voltar a fazer uma coisa que sei que gosta imenso,
treinar uma equipa de futebol?
Francisco
Castro: Não. Até ao momento não. Sei que nesta fase é difícil, pois os
campeonatos já estão no ultimo terço mas estou a espera que o telefone toque, disponível
para abraçar um novo desafio nesta época e até quem sabe, já preparando a
próxima, pois isso seria o ideal para qualquer clube que pretendesse os meus
serviços tendo sempre na mente dignificar esse clube e demonstrando às pessoas
que fizeram a escolha certa. Vamos ver e esperar que isso aconteça.
FafeDesportivo:
Quer deixar alguma mensagem/recado para alguém? Disponha. Este espaço é todo
seu…
Francisco
Castro: Quero agradecer a todas as pessoas que sempre me apoiaram. A minha família,
minha esposa e meus filhos, pois eles é que sofrem mais com a minha ausência. E
dizer que estou pronto para um novo rumo desportivo na minha vida sempre
presente com os meus princípios de lealdade, honestidade e competência naquilo
que faço.
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