quarta-feira, 22 de maio de 2013

Já disponível a GRANDE ENTREVISTA com o Professor Ivo Castro (Coordenador do Departamento de Formação da A.D. Fafe)


FafeDesportivo à conversa com Ivo Castro, Coordenador do departamento de futebol de formação da A.D. Fafe
 
  • Sinto gozo nos resultados conquistados
  • Os meus parabéns para o Miguel Paredes
  • Os meus jogadores nunca tinham competido num campeonato nacional
  • Tornou-se fácil criticar, mesmo não construtivamente
  • Fico grato ao "Mister" Agostinho Bento
  • As equipas B construídas com atletas de primeiro ano foram uma aposta ganha.
  • A próxima época está a ser trabalhada, fique, ou não, no clube.
  • Assumir um projecto sénior não, mas fazer parte dele, sim.
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FafeDesportivo: Professor Ivo Castro, quando chegou à A.D. Fafe para coordenar o departamento de formação, como encontrou esse sector, na sua globalidade?

Texto e Fotos: Abel Castro
Ivo Castro: Bem, temos de nos colocar na realidade do clube ao longo dos últimos anos, uma pessoa que acompanhe as camadas jovens do clube sabe que as condições de trabalho não eram as melhores. É de aplaudir o trabalho realizado pela maioria dos técnicos ao longo dos anos. No entanto, um departamento de formação não se resume apenas e só aos treinos e condições de treino, todas as outras componentes podiam e deviam estar melhores. Não podemos chegar a um departamento de formação com a dimensão da ADFafe e encontrar no seu interior vários “clubes”, o clube dos Juniores o clube dos Juvenis, o clube do Iniciados etc… foi nítida a falta de verticalidade na pedagogia e na metodologia da formação. Foi um iniciar de algumas das componentes, como por exemplo, a criação de uma base de dados que nos vai permitir conhecer o percurso dos atletas ao longo dos anos, os relatórios de analise estatística de todos os jogos, os relatórios mensais dos técnicos e departamento médico, a criação de um regulamento interno e um disciplinar bem como a sua implementação. Documentos disponíveis para a consulta de qualquer encarregado de educação ou associado.
São assuntos que levariam a uma conversa muito longa, sintetizo com, o termos de ser exigentes connosco e não podemos simplesmente deixar andar as coisas, na formação não podemos pensar ano a ano, penso que isso atrasou a formação do nosso clube comparativamente ao patamar já atingido por outros do distrito.
FafeDesportivo: É um treinador vocacionado para esta área específica, ou foi o convite do Fafe que o seduziu a aceitar tão importante cargo numa estrutura desportiva?
Ivo Castro: A formação específica que possuo nesta área bem como o conhecimento que já tinha da realidade deste departamento de futebol juvenil foram talvez as principais razões que me fizeram aceitar o convite a ADFafe. Senti que mesmo sendo jovem podia acrescentar valor ao clube numa fase em que a ADFafe apostava num novo ciclo. Entreguei-me a este projeto e não me arrependo, confesso que, mesmo sabendo que ainda existe muito trabalho a realizar, fica neste final de época um certo gozo nos obstáculos já ultrapassados.
FafeDesportivo: As pessoas gostam de saber. Quantos atletas e técnicos tem, ou teve nesta época que ainda não terminou, a A.D. Fafe nos escalões de formação?
Ivo Castro: Neste momento o departamento de futebol juvenil é um dos maiores do distrito, é composto por vinte e um treinadores, repartidos dois por equipa e sem esquecer os dois técnicos de guarda-redes. Técnicos que, quase na sua totalidade são detentores de formação superior, e já experientes nos campeonatos que disputaram. Um fisioterapeuta, um enfermeiro e 6 massagistas.
Fatores que ajudam na qualidade de um departamento de futebol juvenil composto por 240 atletas distribuídos por onze equipas, sendo nove delas federadas e duas de recriação. Condições que mais nenhum clube do conselho aufere.  
FafeDesportivo: A si coube-lhe uma pesada herança. Na época que o antecedeu, o então responsável Miguel Paredes, tinha efetuado um bom trabalho…
Ivo Castro: Sim sem dúvida, o Miguel é uma pessoa com alguns anos na formação em que conquistou o respeito dos fafenses pelo trabalho realizado principalmente ao serviço dos juniores. E aqui ficam os meus parabéns pela época que conseguiu no Arões, em conjunto com o Prof. Ricardo Cunha. Mas seria injusto da minha parte não ir ao seu antecessor, Prof. Tenev, isto porque foi quem conseguiu subir os juniores á atual divisão nacional e quem pela primeira vez manteve uma equipa da formação nessa divisão, período em que tive o gosto de ser seu adjunto.
FafeDesportivo: Sabemos que a equipa que orientou no campo, os juniores, partiram para o campeonato nacional da 2.ª divisão maioritariamente com jogadores de primeiro ano. Os inícios foram difíceis…
Ivo Castro: Não, não foram difíceis. Foram trabalhosos, apesar de ser uma equipa jovem, com quinze atletas de primeiro ano, sempre mostraram capacidade de trabalho desde o primeiro dia. Não tenho nada a apontar nesse aspeto aos atletas. Os resultados obtidos na primeira fase não podem ser confundidos com a falta de trabalho destes. Trabalharam muito desde o primeiro dia e valorizaram as suas conquistas. Não podemos é esquecer a especificidade deste grupo de trabalho, bem como o que se irá juntar a eles provenientes dos juvenis A. São os únicos que não passaram por equipas B, ou seja, tiveram fases da sua maturação como atletas em que não tiveram a possibilidade de realizar tantos jogos, perdendo mais possibilidades de evoluírem. Bem como o facto de nunca terem competido em campeonatos de nível nacional, participando apenas em campeonatos da divisão de honra e alguns da segunda distrital. Eles ousaram e foram compensados.
FafeDesportivo: Concorda quando algum, ou alguns  adeptos, crucificaram a sua equipa dizendo, decorria ainda a quarta jornada da fase inicial, que a mesma tinha batido no fundo? Não lhe parece extremamente prematuro as pessoas terem uma opinião tão drástica, tão pessimista, quando a sua equipa levava apenas quatro jogos efectuados?
Ivo Castro: Sim considero, até porque não se preocuparam em informar-se da realidade. Mas também compreendo que a mudança para um treinador, ainda considerado jovem, provocou uma desconfiança que ajudou nesse aspeto. Tornou-se fácil criticar, mesmo não construtivamente, quando não conhecemos as pessoas e o seu trabalho. Mas nós equipa, aprendemos a tirar lições de tudo o que nos aconteceu e espero que essas pessoas também. Não creio que existam adeptos que simplesmente queiram o mal de alguma equipa da ADF, devem é compreender como ajudar, o bem da ADF ajudará a todos.
FafeDesportivo: A má classificação no campeonato, levou a A.D. Fafe para uma fase de manutenção. Aí, a equipa transfigurou-se completamente, chegando a obter resultados surpreendentes, reforçados com algumas exibições fantásticas. Onde esteve o segredo?
Ivo Castro: Não existe nenhum, como referi anteriormente desde o primeiro ao último dia os atletas trabalharam muito. Apesar de os resultados quantitativos dos jogos não serem positivos, foram atletas de elite, não faltaram a nenhum treino, mesmo lesionados estavam lá, dia após dia prontos a trabalhar mais, não tiveram feriados nem férias. No entanto os atletas deram sempre a cara á luta pelos seus objetivos porque acreditavam, que os resultados iam aparecer.
FafeDesportivo: Alguns dos seus atletas foram chamados ao plantel sénior. O que sentiu nessas alturas?
Ivo Castro: O objetivo do departamento de futebol juvenil é a formação de atletas para a equipa sénior e faz parte do seu crescimento enquanto juniores passarem por essa experiencia. Felizmente o clube dispõe de uma equipa técnica no plantel sénior que consegue aliar as suas necessidades enquanto equipa profissional com as necessidades de crescimento dos atletas da formação. Fico grato ao Mister Agostinho Bento pelo que nos ajudou e pela sua disponibilidade.
FafeDesportivo: O balanço da época parece-nos muito positivo. Infantis campeões, juvenis B subiram de divisão e podem tornar-se campeões, e os juniores permanecem nos campeonatos nacionais. Podia ser feito mais alguma coisa noutros escalões?
Ivo Castro: Se simplesmente procurássemos resultados quantitativos, sim. Podíamos ter subido a equipa B de iniciados que apesar de ter realizado um campeonato fantástico, sendo atletas de primeiro ano num escalão em que a componente física tem maior relevância, se tivéssemos colocado atletas da equipa A acredito que teríamos subido, mas até que ponto seria positivo a nível futuro para os atletas que não iam jogar, que não iam passar pelos jogos mais complicados? O mesmo aconteceu nos escalões de infantis B e Benjamins. Acredito que para o clube no presente teria sido um ex-libris de resultados. Mas penso que fizemos a escolha certa, pensamos na evolução dos atletas.
FafeDesportivo: Quantas horas gasta por dia um Coordenador do departamento de formação de um clube de futebol?
Ivo Castro: Quando se entrega a um projeto que sentimos como nosso, quando estamos motivados e acreditamos, quando somos ambiciosos, são efetivamente muitas horas de trabalho por dia, (Observação, logística e metodologia de treino e jogos, interligação entre clube e encarregados de educação, analise de relatórios, inscrições, tratamento de dados estatísticos, definição de estratégias, planos de atividades definição de estratégias de curto médio e longo prazo, avaliação de desempenhos, reuniões etc…) e tem que se estar disponível 24h por dia.
FafeDesportivo: Existem boas bases para a próxima época. Juniores mais experientes, nos Juvenis vamos ter uma grande concorrência, já que o escalão B “apanhou” o escalão A, já existente, e os Infantis foram campeões. Como se vai organizar esta relação qualidade/quantidade?
Ivo Castro: Organizar quantidade quando existe qualidade é mais fácil. Essa qualidade surge da aposta que fizemos na formação, na adoção de novas medidas, como a existência de equipa B no escalão de juvenis, como a de todas as equipas B serem constituídas apenas e só de atletas de 1º ano, medida que penso que já deveria estar imposta desde a criação da primeira equipa B. Mas seremos realistas, são novos campeonatos, a exigência vai aumentar e os atletas terão de saber dar uma boa resposta. Temos de subir as nossas equipas A aos nacionais, de forma a subir o nível de exigência, não podemos esperar que os atletas saltem dos distritais para uma divisão nacional apenas na ultima fase da sua formação e consigam bons resultados.
FafeDesportivo: Estamos em período eleitoral no clube. Pensa dar continuidade ao seu trabalho? Ou ainda não foi abordado?
Ivo Castro: No sentido do que disse anteriormente, quem trabalha na formação não pode trabalhar em função desses períodos. Pessoalmente penso que esses períodos no caso da formação deveriam ser alargados. Nesta linha, a próxima época está a ser preparada independentemente se estarei cá ou não. Serve de conforto que se sair com certeza que o meu sucessor encontrará um departamento com bases para crescer diferente do que encontrei.
FafeDesportivo: Sabemos que o sintético veio solucionar muitos dos problemas, nomeadamente no que concerne a espaço para treinos. Acha que é suficiente?
Ivo Castro: O sintético veio ajudar, solucionar não. É simples as nossas equipas exigem neste momento 37 horas semanais efetivas de treino. Sendo que todos os atletas estudam os treinos apenas podem iniciar às 18:45, e terminam por volta das 21:30. Dá um período semanal de cerca de 12horas e meia por semana de disponibilidade do sintético. Tirem as vossas conclusões. Sendo que temos definidas algumas estratégias em conjunto com os treinadores que tem ajudado a otimizar a sua utilização. Sim é verdade que temos campos de apoio, campos pelados que nos têm sido muito uteis quer pela força da necessidade quer pelas estratégias de ensino, mas as necessidades competitivas exigiam mais. Fica o exemplo dos escalões de juniores, juvenis e iniciados que raramente poderem treinar em campo inteiro. Isso tem influência na formação dos atletas.
FafeDesportivo: Vamos lançar-lhe um “desafio” final. Se o Professor Ivo Castro fosse convidado para treinar uma equipa sénior, com aspirações, aceitava? Sente-se preparado?
Ivo Castro: Pergunta ingrata, porque acredito no trabalho que estamos a iniciar e sei que os frutos vão aparecer e nada como estar presente para desfrutar. Assumir projetos de escalões séniores não, não me sinto preparado. Mas fazer parte deles não excluo. Não escondo de ninguém o meu lado ambicioso, mas sou jovem tenho muita vontade de aprender e se for com os melhores…
FafeDesportivo: Este espaço foi e é, todo seu. Pretende deixar algum agradecimento, ou reconhecimento para alguém?
 
Ivo Castro: É óbvio, em primeiro, dar os parabéns aos 240 atletas, treinadores, massagistas, diretores e funcionários do nosso departamento de futebol juvenil por esta época. Somos Fafe e só assim venceremos. 
Agradecer ao Vice-Presidente Jorge Fernandes pelo voto de confiança, por acreditar e estar sempre presente junto do nosso departamento.
Um reconhecimento para o Prof. Nuno Alves, adjunto de uma época de muito trabalho e animador nos momentos mais difíceis. Ao Fisioterapeuta Patrício, sofredor da nossa luta.
E um louvor ao Sr. Joaquim braço direito na logística do nosso departamento, homem que vive para o clube que tanto ama.
 

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