terça-feira, 28 de maio de 2013

Já disponível AQUI a entrevista com Vítor Pacheco (ex-Treinador do G.D. Silvares)


FafeDesportivo à conversa com Vítor Pacheco (ex-Treinador do G.D. Silvares)

  • Não faltam treinadores e jogadores interessados em representar o Silvares.

  • Desde muito cedo que ambiciono uma vida ligada ao futebol.

  • Quero atingir patamares que não consegui como jogador.

  • Orgulho-me dos clubes que representei.

  • Gostava que Felgueiras seguisse o exemplo de Fafe.

  • O Francisco Castro terá muito sucesso na sua carreira de treinador.

  • Por enquanto sou um treinador disponível.

  • Tenho de agradecer à minha esposa, que me atura nas más disposições.

 

Por: Abel Castro


FafeDesportivo: Vítor Pacheco, veio para o Silvares, manteve o clube na 1.º divisão, e nesta época consegue o 3.º lugar e a consequente subida de divisão. Fale-nos, apenas em termos desportivos, destas duas épocas no G.D. Silvares…
Vítor Pacheco: Em termos desportivos penso que o balanço é extremamente positivo, foram duas épocas onde o Silvares andou sempre entre os primeiros classificados, onde conseguimos o respeito e admiração de todos os adversários. No primeiro ano tivemos de construir uma equipa completamente nova, apenas três jogadores transitaram do plantel anterior, tivemos a condicionante de só em Outubro termos campo para jogar e treinar uma vez que o nosso estava em obras de colocação do sintético, e mesmo assim conseguimos uma época completamente tranquila, passando a maior parte do tempo nos primeiros cinco lugares. Neste último ano as coisas foram planeadas com tempo e penso que fizemos uma época muito boa, chegamos à penúltima jornada com hipóteses de chegar ainda ao 1º lugar o que por si só diz do trabalho que fizemos! O Silvares é um grande clube, um clube com um rico passado, mas não estarei muito enganado se disser que quando cheguei ao clube este vivia um dos períodos mais negros da sua história, o que valoriza ainda mais o trabalho desenvolvido!
 
FafeDesportivo: Ingressou no clube numa fase difícil. Não teve receio de assumir o risco? É um homem sem medo?
Vítor Pacheco: Quando acreditamos no trabalho que fazemos o receio não existe. O risco está intimamente ligado à profissão de treinador, quem tiver medo ou receio não pode ser treinador de futebol! Quando começamos a construir o plantel na primeira época não tivemos tarefa fácil, convencer os jogadores a fazerem parte de um projecto num clube que nos últimos anos não tinha honrado os seus compromissos foi uma árdua tarefa, felizmente consegui rodear-me de jogadores sérios e competentes, que acreditaram no meu trabalho e na seriedade das pessoas que acabavam de tomar conta do clube. Felizmente tudo correu bem, e hoje não faltam jogadores e treinadores interessados em representar o Silvares, a recuperação da credibilidade do clube e a sua colocação em elevados patamares de rendimento desportivo foram as maiores conquistas nestes dois anos.
FafeDesportivo: Iniciou a sua carreira de treinador muito cedo, numa altura em que jogava futebol. Sentia já nessa altura que era uma personalidade talhada para orientar?
Vítor Pacheco: O fascínio pelo futebol, e neste caso específico pelo treino vem desde sempre, enquanto jogador sempre tive a curiosidade de tentar perceber o porquê de se fazer determinados exercícios, não apenas fazê-los mas entender a sua utilidade, rentabilidade. Desde muito cedo que ambiciono uma vida ligada ao futebol, um mundo que me encanta, me fascina, me realiza!
FafeDesportivo: Obviamente as pessoas, sócios adeptos e dirigentes, só terão de enaltecer o seu extraordinário trabalho. Mas não acha precipitada a sua saída, mesmo sabendo que a sua Direcção termina o mandato, mas pode continuar. Não o seduziria por exemplo tentar mais uma época no Silvares, para tentar bater um record, que foi a ida do clube às meias-finais da Taça A.F. Braga?
Vítor Pacheco: A decisão de abandonar o Silvares no final da presente época já foi tomada há algum tempo, e comunicada ao presidente nessa mesma altura, apenas foi tornada publica agora porque o clube estava na luta pelos primeiros lugares e era importante manter o foco e a concentração, apenas nisso. Se tivéssemos por exemplo ficado em 1º lugar sairia na mesma, a decisão estava tomada independentemente do que conseguíssemos em termos desportivos. Quando sentes que dificilmente terás condições de fazer mais, que os objectivos do clube não se enquadram com aqueles que defendes e idealizas o melhor é sair e procurar algo que vá de encontro ao que pretendes. Nunca fez parte de mim estar nos projectos por estar, ou estou com objectivos, ambições ou prefiro não estar. Conseguimos esta época a segunda melhor classificação do Silvares na última década, pelo menos dos registos que tenho conhecimento, apenas superada pelo título que conseguiu, salvo o erro, em 2008/2009. Não que este 3º seja um feito extraordinário, muito menos que me deixe realizado, mas atendendo aos objectivos que o clube tinha e à difícil realidade que enfrente, é algo que me deixa feliz e orgulhoso.      
FafeDesportivo: Sabemos que é muito rigoroso na análise aos jogos, já o era enquanto jogador, porque acompanhamos o seu percurso no Antime. Os jogadores da distrital, enquanto amadores, estão preparados para ouvir palestras, e visualizar e interpretar esquemas de jogos tipo futebol profissional?
Vítor Pacheco: Cada vez mais se trabalha bem no futebol distrital e a prova disso é por exemplo o que aconteceu este ano com o Olhanense, que não teve receio de apostar num treinador do distrital para enfrentar três jogos decisivos na luta pela manutenção no principal escalão do futebol português. Quantos clubes do futebol profissional não se reforçam com jogadores de escalões inferiores?! E não é apenas pela difícil conjuntura económica do país que o fazem, mas sim porque sabem que nos escalões secundários há muita gente com qualidade, à espera apenas de uma oportunidade para provar que tem tanto ou mais valor que os que lá estão. Defendo que devemos trabalhar da mesma forma quer estejamos no futebol distrital ou no profissional, a diferença está nas condições que tens para treinar e nos meios que colocam à tua disposição. Os meus jogos são preparados ao pormenor, não descurando o que quer que seja, os jogadores sabem por exemplo qual a posição que devem ocupar nas bola paradas, sabem qual a sua missão, responsabilidade neste tipo de lances, não ocupam a posição que querem ou lhes apetece, há a responsabilização. Pela experiência que tenho os jogadores gostam e aceitam bem esta forma de trabalhar, sentem que este é o caminho para evoluírem e darem o seu tempo por bem entregue, se temos que fazer há que procurar fazer bem! O tempo em que os jogadores de futebol eram vistos como pessoas com poucas capacidades intelectuais, que apenas tinham jeito para jogar futebol, há muito está ultrapassado, os jogadores são cada vez mais inteligentes, procuram cada vez mais entender o jogo e tudo o que o rodeia, o que exige cada vez mais dos treinadores, não basta fazer, tens de saber o que fazes e transmitir segurança, caso contrário não conseguirás que acreditem no teu trabalho. Se ambicionamos estar entre os melhores, temos que trabalhar como os melhores!

FafeDesportivo: Sente-se melhor enquanto treinador, ou ex-jogador de futebol ?

Vítor Pacheco: Prefiro que sejam os outros a fazer essa análise, o que sinto é que gostaria de atingir enquanto treinador patamares que nunca fui capaz de atingir enquanto jogador.
FafeDesportivo: O Silvares andou até perto do final do campeonato a “morder os calcanhares” aos candidatos à subida. O que falhou para subir de divisão?
Vítor Pacheco: Numa análise fria e realista, os pontos que perdemos com os últimos classificados seriam suficientes para ficarmos em primeiro lugar, no entanto nada posso apontar aos jogadores, pois foram sempre sérios na abordagem aos jogos, a motivação das equipas que estão no fundo da tabela quando jogam com as que estão no topo é enorme, se calhar em alguns desses jogos não conseguimos igualar essa motivação e isso custou-nos caro. Não é fácil ser campeão num clube que não tem essa ambição, onde as pessoas que gerem os seus destinos não estão focadas nesse objectivo, penso que se esse fosse o objectivo do clube e todos tivessem trabalhado em prol dele teria sido alcançado.
FafeDesportivo: Costumam transitar consigo jogadores que bem conhece. Preparado para pegar numa equipa sem nenhum atleta do actual plantel?
Vítor Pacheco: Quando saí de Antime nenhum jogador do denominado núcleo duro que se refere transitou comigo, vieram apenas comigo as dispensas, aqueles que o Antime não convidou a ficar, só este ano consegui trazer alguns que queria, não foi por isso que deixamos de fazer um bom campeonato no primeiro ano. No primeiro ano num plantel de 23 jogadores apenas 4/5 tinham trabalho comigo, todos os outros não conhecia. Este ano por exemplo o jogador mais utilizado do Silvares foi o Salgado, um jogador que não conhecia, nunca tinha sequer visto, que fomos buscar porque precisávamos de um central e nos deram boas referências dele. Existem de facto alguns jogadores que pela sua enorme qualidade enquanto seres humanos exemplares e futebolistas de elevado rendimento serão sempre primeiras opções em projectos que eu faça parte. Todos os treinadores procuram ter os melhores do seu lado, mas quando não é possível temos que estar preparados e rentabilizar ao máximo os que estão connosco, não tenho qualquer problema com isso!

 
FafeDesportivo: Toda a gente ligada ao futebol tem conhecimento do seu sportinguismo. Sabemos que é observador do Sporting Clube de Portugal. Tem apontado alguns talentos ao clube lisboeta?
Vítor Pacheco: Felizmente o trabalho que tenho feito nessa área tem corrido muito bem, no início de 2012 fui promovido, passando a ser um trabalhador assalariado do clube, faço actualmente parte dos observadores residentes, sinal que as pessoas estão satisfeitas com o meu trabalho.
FafeDesportivo: Apesar das suas habilitações como técnico lhe darem acesso a outros campeonatos, é no futebol distrital que sente bem, ou pretende dar o salto, sendo que ainda é jovem, 32 anos?
Vítor Pacheco: Como disse anteriormente tenho como principal objectivo conseguir alcançar como treinador patamares muito superiores aos que consegui como jogador. Trabalho diariamente na expectativa de conseguir evoluir em termos qualitativos, sou jovem ainda, sei que este é um mundo muito competitivo em que as oportunidades nem sempre surgem. Neste momento a minha realidade é esta, orgulho-me dos clubes que representei, se a oportunidade de treinar divisões superiores surgir estarei preparado e tudo farei para aproveitar essa oportunidade!
 
FafeDesportivo: Vai continuar a treinar no concelho de Fafe? Sabe que Fafe dá visibilidade aos treinadores…
Vítor Pacheco: Essa é uma pergunta para a qual não tenho resposta, treinei dois clubes em Fafe e foi um enorme orgulho representar ambos. Existem grandes clubes em Fafe, todos os treinadores gostariam de representar grandes clubes, mas neste momento não tenho qualquer proposta, logo não sei por onde passará o meu futuro.
FafeDesportivo: Diga-nos qual foi o seu maior triunfo desportivo?
Vítor Pacheco: Enquanto treinador ainda não conquistei qualquer título, espero poder abraçar projectos que me permitam fazê-lo. Enquanto jogador o título de campeão de juniores pelo Futebol Clube de Felgueiras, inédito no clube, que o levou pela primeira vez aos campeonatos nacionais foi o mais marcante.
FafeDesportivo: Não acreditamos que tal aconteça. Mas vamos imaginar. Consegue ficar um ano sem fazer uma das coisas que mais gosta na vida, treinar uma equipa de futebol?
Vítor Pacheco: Também espero que isso não aconteça, mas temos de estar preparados para todos os cenários, o mercado dos treinadores é muito vasto e competitivo e estar no activo não depende apenas da nossa vontade, por isso temos que estar sempre preparados, na certeza que se acontecer saberei esperar por nova oportunidade.
FafeDesportivo: Sendo um felgueirense de gema, natural e residente em Várzea, quem é para si o melhor clube do concelho de Fafe?
Vítor Pacheco: Não seria justo estar a enumerar um, até porque por dentro apenas conheço a realidade de dois. Existem grandes clubes, que neste momento dispõem de condições físicas de excelência que permitirão que atinjam ainda níveis superiores! E nesse aspecto presto aqui a minha homenagem à Câmara Municipal de Fafe pelo excelente trabalho feito, um exemplo a ser seguido por muitos municípios, ficaria muito satisfeito se o município de Felgueiras seguisse o exemplo. Fafe está neste momento na linha da frente no que diz respeito às condições para os seus jovens praticarem desporto, nomeadamente o futebol que é do que estamos a falar.  
FafeDesportivo: Agora que terminou o campeonato, permita-nos que lhe pergunte; que análise faz ao trabalho do seu ex-adjunto Francisco Castro, no Antime. Apenas lhe formulamos esta questão por se tratar do seu adjunto, nada de confusões…
 
Vítor Pacheco: Não me compete a mim analisar o trabalho do Francisco no Antime, nem seria justo fazê-lo, o Antime tem dentro da sua estrutura pessoas muito competentes, se o convidaram a continuar no clube é porque lhe reconhecem qualidade e estão satisfeitos com o trabalho desenvolvido. A mim não me surpreende que o tenham feito, pois reconheço muita competência ao Francisco, como amigo pessoal dele fico muito contente, não tenho duvidas que terá muito sucesso na sua carreira de treinador! 
FafeDesportivo: O seu telefone já tocou? Existe algum projeto na manga?
Vítor Pacheco: Não, por enquanto ainda não tenho nada.
FafeDesportivo: A nossa conversa já vai longa, apesar de ser sempre um prazer falar consigo. Quer deixar alguma mensagem, agradecimento, recado, para alguém?
Vítor Pacheco: Antes de mais agradecer a forma sempre simpática e cordial com que me trata, dar os parabéns pelo trabalho que tem desenvolvido, espero que o faça por muitos e bons anos, pois divulga e valoriza quem no desporto em geral e de Fafe em particular, trabalha. Os meus agradecimentos vão em primeiro lugar para a minha esposa, pelo apoio que sempre me dá, pela paciência que demonstra em aturar as minhas más disposições, pelo acompanhamento e incentivo constante. Depois agradecer a todos os que me têm acompanhado neste trajecto, todos contribuíram de forma decisiva para o meu desenvolvimento enquanto treinador, principalmente aos jogadores, é muito gratificante sentir que apreciam o meu trabalho e tudo fazem para que o mesmo dê frutos, estarei eternamente grato a todos pelo que me deram! Aos meus colaboradores Sérgio e David, obrigado pela lealdade, dedicação e competência demonstradas, foram uma indiscutível mais-valia, o futuro terá reservado algo de bom para nós!

 

 

 

 

 

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