quinta-feira, 9 de julho de 2015

Grande Entrevista...Philip Cunha (PH) ex-treinador do G.D. Silvares!


Texto e fotos: Abel Castro


  • Com o incentivo do meu irmão (Mike) decidi tirar o curso de treinador.
  • Formei um plantel de 24 jogadores com o campeonato à porta.
  • Éramos uma família muito unida que tentou ultrapassar os problemas.
  • No meu primeiro ano de treinador fui aos 1/4 final da Taça A.F. Braga.
  • Estivemos um mês sem treinar devido à falta de electricidade.
  • Custa-me muito deixar um projecto a meio.
  • Agradeço à A.D.Fafe por me ter permitido estagiar com eles.
  • Esqueçam a política, esqueçam as birras e coloquem o G.D. Silvares onde merece!


FafeDesportivo esteve à conversa com Philip Cunha (PH), treinador que orientou na passada temporada o G.D. Silvares, tendo guindado o clube aos quartos de final da Taça A.F. Braga.
Face à instabilidade directiva que se vive no clube, PH está neste momento sem clube.

FafeDesportivo: PH, após vários anos como praticante em diversos clubes de futebol, decidiu enveredar pela carreira de treinador. Sente propensão para desempenhar essa actividade?
PH: Bem, há alguns anos atrás quando jogava eu no G.D.Cerva, um amigo meu "Rovira" (terminou esta época a treinar o Arco de Baúlhe), disse-me " - daqui a uns anos vamos deixar de jogar futebol, que achas de irmos tirar o curso de treinador?
Respondi de imediato, não nem pensar, quando eu pendurar as botas vou deixar o futebol de vez e estar mais próximo da minha família, pois o futebol ocupa muito tempo."
Mas de facto o vício da bola falou mais alto e comecei a jogar futsal, como ainda jogo.
Continuei a acompanhar o futebol de 11 , nos jogos do meu irmão que ainda é praticante, todos os jogos dele sentia vontade de entrar em campo, sentia saudade do balneário, dos treinos mas as condições físicas não são as melhores e a idade começa a avançar. Daí, com o incentivo do meu irmão, decidi tirar o curso de treinador.
Se acho que tenho propensão? Depois desta época, com todas as dificuldades que passamos, desde arranjar 24 jogadores em 10 dias a custo zero, as dificuldades económicas que o clube apresentava, a falta de condições de trabalho e mais algumas que toda a gente sabe, acho que conseguimos (eu o meu adjunto Salgadinho) dar a volta por cima e fazer um bom trabalho, daí acho que demonstramos ter alguma vocação nesta área, mas claro este foi o nosso primeiro ano e ainda temos muito para provar.
FafeDesportivo: O G.D. Silvares foi o seu clube de estreia como técnico, num início de época algo conturbado pela falta de jogadores. Fez a melhor opção ao treinar o Silvares?
PH: Para ser sincero, não estava à espera de treinar nenhuma equipa, pois como sabe comecei a tirar o curso de treinador em Janeiro de 2014 e para este ficar completo teria de efectuar um estágio.
Comecei a estagiar em Julho na A.D.Fafe com o mister Agostinho Bento, professor Ricardo e Primo. Com 2 meses de estágio na A.D.Fafe, surgiu-me o primeiro convite para treinar uma equipa do futebol distrital (Arco de Baúlhe), fiquei um pouco indeciso, pois não estava a contar com qualquer convite, entretanto fui contactado pelo G.D. de Silvares, com um projecto novo, onde me prometeram todas as condições de trabalho e que nada me iria faltar, com um único entrave, que era eu que teria de formar um plantel o mais rápido possível, pois o inicio de campeonato estava à porta. Como eu e o meu irmão conhecíamos muitos jogadores com qualidade que estavam "perdidos"  à espera de uma oportunidade, resolvi aceitar este desafio.
De referir que num plantel de 24 jogadores apenas três tinham jogado com alguma regularidade em anos anteriores. O plantel era constituído por dois juniores, um ex-júnior, cinco jogadores que estavam parados há quatro ou mais anos, dois jogadores do futebol popular, jogadores que eram segundas opções de outros treinadores, mas mesmo assim acho que tínhamos muita qualidade, tendo feito um campeonato razoável e uma excelente prestação na taça da A.F. Braga, tendo chegando aos quartos de final. Como já lhe disse em entrevistas anteriores, considero que este grupo era a minha segunda família, por isso se tivesse de fazer tudo de novo era isso que faria.
FafeDesportivo: Os problemas foram recorrentes com a época em andamento, falta de água e luz. O que disse aos seus jogadores nessas alturas?
PH: Como foi público, o G.D. de Silvares passou por muitas dificuldades. À medida que estas iam aparecendo eu falava com a Direcção (apenas dois ou três elementos) que me prometiam que tudo ia voltar à normalidade e de seguida comunicava essas palavras aos jogadores. Chegou a um ponto, que nós treinadores e jogadores vimos que o clube estava a passar por momentos muito complicados, tendo mesmo de treinar em campos emprestados durante a época,  mas mesmo assim não desistimos e continuamos o nosso trabalho sempre com o objectivo de fazer o melhor possível em todos os jogos e dignificar a instituição que estávamos a representar.
Como lhe disse nós não éramos apenas jogadores do G.D. de Silvares, éramos uma família muito unida tentando resolver todos os problemas em conjunto.
FafeDesportivo: O PH teve uma altura que se distanciou da equipa, tendo inclusive afirmado que dificilmente voltaria ao Silvares. O que o motivou a dar o dito por não dito?
PH: Sim é verdade, a última gota de água foi quando estivemos cerca de um mês sem treinar devido à falta de electricidade nas instalações. Nessa altura falei com os capitães, e disse que iria tomar uma atitude, sempre em prol da equipa, pois a minha decisão foi com o intuito da Direcção resolver os problemas para que os jogadores voltassem a ter as condições mínimas de trabalho e pedi para que eles não abandonassem e aparecessem a todos os jogos, pois o clube corria o risco de fechar as portas a meio do campeonato se eles não comparecessem.
Disse à Direcção que só voltaria, se me dessem condições para pelo menos terminar a época.
Nessa minha ausência, o Silvares esteve cerca de um mês sem treinar à espera que o problema da luz se resolvesse. Entretanto estive sempre em contacto com os jogadores onde estes pediam para eu voltar porque esta época que terminou, só fazia sentido se acabássemos todos juntos.
Decidi voltar quando a Direcção resolveu o problema da luz, mas principalmente pelos jogadores que bem mereciam depois de tudo o que se passou. Sabia também que se não voltasse nessa altura haviam jogadores que estavam para desistir e o clube poderia ter de fechar as portas.
FafeDesportivo: Se no seu campeonato as coisas correram normalmente, face às dificuldades, os quartos de final da Taça A.F. Braga foram mesmo um grande prémio. Recordamo-nos que foi difícil arranjar jogadores para esse grande jogo. Inclusive treinador. Explique-nos como foi possível reunir as tropas mais uma vez…
PH: Como disse fizemos um campeonato razoável, face às dificuldades, conseguindo mesmo assim ser o segundo melhor ataque da prova com 59 golos, acho que com um pouco mais de apoio poderíamos chegar mais longe. Na taça fomos enormes, chegamos aos quartos de final, jogo esse que me deixa muito triste, pois fizemos tudo para chegar o mais longe possível, e esse jogo surge numa fase complicada que estávamos a passar. Foi na fase que não treinávamos há um mês e defrontávamos uma equipa muito forte que por sinal foi a vencedora da taça AF Braga.
Na véspera do jogo ainda sem luz, equipa técnica e jogadores reunimos para ver o que íamos decidir. Falei com o Costa, Mike e Óscar que eram os capitães  e decidimos que eu não iria para o banco, mas que quem iria assumir os comandos da equipa nesse jogo seriam o Costa e o Mike.
FafeDesportivo: Face à instabilidade directiva que se vive no Silvares, o PH é neste momento um treinador livre. Apesar de todos os problemas vivenciados, está disponível para “regressar” ao clube caso surja Direcção?
PH: Acabei agora  o meu estágio, já enviei os meus relatórios da época transacta para a Associação de Futebol de Braga, e aguardo que apareça uma nova oportunidade como treinador, pois como disse sou um treinador livre.
Regressar ao Silvares... sou-lhe sincero, gostaria de continuar o projecto que comecei, mas teria de ter outras condições de trabalho. Mas começa  a  ficar complicado, já estão muitos jogadores a sair e estão mais de saída. E não queria começar tudo de novo outra vez.
FafeDesportivo: Notamos que é um técnico de futebol com ambições. Satisfazem-no ser o timoneiro na divisão mais baixa do futebol distrital? Pretende chegar mais longe?
PH: Este ano foi um ano de aprendizagem, acho que nada mais poderia acontecer, aconteceu de tudo esta época.
Claro que sou ambicioso e gostaria de chegar mais longe, com os anos vou ganhando mais experiência e vamos ver até onde posso chegar.
FafeDesportivo: Tem algum treinador modelo, alguém que goste de imitar nos seus esquemas de jogo, ou a sua matriz como técnico é mesmo PH ?
PH: Tive um treinador que me marcou quando eu jogava no Vieira, que era o Pedro Rui, era um treinador muito completo e correto. Mas em termos de esquemas de jogo não imito ninguém, tento adaptar-me aos jogadores que tenho, pois nestas divisões mesmo que eu queira jogar num esquema táctico pré-definido não é fácil, pois temos de nos sujeitar aos jogadores que temos e não aqueles que gostaria de ter.
FafeDesportivo: Que nos tem a dizer sobre o futebol de formação? Aceitaria um projecto para orientar tecnicamente um escalão de jovens?
PH: O meu objectivo principal é treinar seniores, mas não porei de parte treinar formação.
FafeDesportivo: Ficar parado após o seu ano de estreia atormenta-o? Ou vê este facto com normalidade?
PH: Fico um pouco triste por não poder dar continuidade ao trabalho feito na época passada, mas vejo este facto com normalidade, na época passada não estava à espera de treinar ninguém e apareceu uma oportunidade, mais oportunidades surgirão.
FafeDesportivo: Jogou algumas épocas na A.F. Vila Real. É um treinador somente para Fafe ou disponível para abraçar um projecto, ou projectos, fora do concelho?
PH: Como jogador joguei em 11 clubes, de diferentes concelhos e diferentes distritos, se  como treinador tiver de fazer um percurso semelhante irei fazê-lo com certeza.
FafeDesportivo: O que sente ao ver ex-jogadores seus, Preto, Ratão e Jorginho, rumarem a clubes de Fafe com um enorme historial no futebol distrital?
PH: Fico muito contente por poder lançar estes 3 jogadores, Preto como disse anteriormente é um dos melhores guarda-redes de Fafe, Jorginho é um jovem com muita qualidade, e  Ratão é um jogador cheio de força, raça e velocidade.
Saíram esses três, mas sei que mais cinco jogadores poderão rumar à mesma divisão caso cheguem a acordo.
FafeDesportivo: A nossa conversa já vai longa. Quer deixar alguma crítica/agradecimento a alguém em especial?
PH: Bem, em primeiro lugar quero agradecer o convite para esta entrevista.
Quero agradecer ao Mister Agostinho Bento, ao professor Ricardo e ao presidente Jorge Fernandes, por terem permitido o meu estágio na A.D.Fafe.
Agradecer também, apesar de algumas dificuldades que passamos, à Direcção do Silvares (João Carlos e Hermínio) pela oportunidade que me deram esta época.
Agradecer ainda a dedicação do meu adjunto, José Gonçalves e ao Fisioterapeuta José Sousa, bem como a todos os jogadores.
Agradecimentos aos meus pais que me acompanham desde os meus oito anos nesta minha paixão futebolística.
Vamos às criticas, ou melhor não é uma critica, só um sentimento de tristeza quando vejo uma freguesia (Silvares) tão grande, com pessoas que gostam muito do clube, mas que não conseguem juntar-se e ajudar o clube a evoluir. Esqueçam a politica, esqueçam as birras, o G.D.Silvares merece que toda a gente se junte e o ponham num lugar que merece!








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