Texto: Abel Castro
Fotos: Abel Castro c/DR
- Não sendo um treinador profissional, comporto-me como tal.
- No futebol, vejo muitos apaixonados pelo dinheiro.
- Já fui abordado para treinar outros clubes.
- Nem imagina as condições do Fareja após as obras.
- Queremos chegar o mais longe possível.
- Nunca fui movido pelo dinheiro. Graças a Deus não preciso do futebol.
- Meu adjunto Nilton Silva vinha para ajudar 15 dias e ficou três anos!
FafeDesportivo esteve à
conversa com Rafael Leite, treinador que há três anos orienta tecnicamente o
G.D. Fareja, sendo que dois foram no futebol popular e uma temporada no
Campeonato Distrital da 1.ª divisão da A.F. Braga, neste último ano, em época
de estreia.
FafeDesportivo: Rafael
Leite, são quatro anos como treinador do G.D. Fareja. Explique-nos como nasceu
esta paixão pelo futebol…
Rafael
Leite: Nasceu há 21 anos atrás, durante cerca de 18 anos
joguei no futebol popular, 8 épocas no Estrela Vermelhas (Estrada),1 época na
Granja, 7 épocas no GD Fareja, 1 época no Ribeiros, terminando a minha carreira
no GD Fareja. Durante todos estes anos tive alguns treinadores, uns melhores outros
nem tanto e na verdade a vontade apareceu na última época desportiva. No meio dessa
época já tinha aceite ser o treinador da época seguinte. Em seis meses
estudei, organizei-me, investi no que achava necessário, convidei meu grande
amigo Nilton para adjunto e lá começamos nossa primeira época onde o objectivo
era mesmo modificar a forma de jogar. Acabamos por finalizar nossa primeira
época ganhando a Taça. Segunda época mais organizada ainda e pensada com mais
tempo, reforçando nos sectores necessários, acabamos por ser premiados pelo
nosso trabalho ganhando uma supertaça que já era ganha há 8 anos, vencemos o campeonato
que na não era ganho há 12, melhor ataque, melhor defesa, tudo correu muito bem.
Como o G.D. Fareja tem uma direcção ambiciosa e com uma mente muito aberta para
novos desafios assim foi, acabamos por organizar uma entrada na distrital.
Convenci a direcção a entrar também com uma equipa de juniores. Sendo uma época
de estreias acabou sabendo a pouco, mas compreensível visto que era uma
novidade para todos nós. Verdade que esta última época foi bastante dura, além
da vida profissional, ser treinador dos seniores, coordenador dos juniores no
qual ainda tive que estar alguns jogos no banco e tirando curso de treinador em
Vila Real, cansou-me um pouco. Para terminar defino me como muito exigente.
Como treinador, gosto de ter tudo organizado, que a direcção seja organizada,
que os atletas também o sejam, mesmo não sendo profissional comporto-me como
tal e todos devem fazer o mesmo, isto sim é ser apaixonado pelo futebol, eu
vejo muitos apaixonados pelo dinheiro. Ser ambicioso e fazer cada vez melhor
está no meu sangue, vamos ver o que dá.
FafeDesportivo: Durante duas
épocas o Rafael orientou tecnicamente a equipa no futebol popular. Diga-nos que
diferenças notou entre o popular e o futebol federado, uma vez que vivenciou
essa alteração…


Rafael
Leite: Estando alguns anos no futebol popular como atleta e
dois com treinador, não tem mesmo nada haver. Futebol Federado é mais
organizado, melhores arbitragens, daí mais respeito. O futebol praticado também
é um pouco diferente. Como treinador não sei meu futuro claro, sou sempre
positivo não me vejo a voltar um dia a treinar Futebol Popular. Mas também respeito
e acho que o futebol popular deve continuar e mesmo crescer. Tantos atletas
envolvidos mas muito deles infelizmente não têm qualidade suficiente para
engrenar equipas da distrital, mas acabam por praticar desporto e muitos miúdos
terem alguma formação, daí eu achar que é muito importante para o concelho
continuarem com o Futebol Popular.
FafeDesportivo: Ainda
hoje, e vai para o segundo ano da A.F. Braga, tem jogadores que o acompanham
desde o futebol popular. Pura afeição, ou reconhece-lhes valor para tal?
Rafael
Leite: Nunca por afeição, verdade numa época desportiva no
qual ganhamos tudo o que havia para ganhar, em que os meus atletas numa época de
Futebol Popular comportaram-se maravilhosamente e a assiduidade atingiu os 87 %
(100 treinos) seria mais que normal levá-los para a distrital. Agora, verdade
que chegando ao final da época, chego à conclusão que alguns atletas ainda têm
margem de progressão, outros que infelizmente não poderei fazer mais nada por
eles, e como não sou treinador de dizer as dispensas à direcção, pelo respeito
que tenho por todos eles, tive uma conversa individualmente com todos explicando
o porquê da não continuidade no plantel da época 2015/2016.
FafeDesportivo: Durante
estes anos, o Rafael alguma vez foi abordado para treinar outro clube?
Rafael
Leite: No primeiro ano não, no segundo e terceiro sim, acho
que para mim a visibilidade na distrital é maior, as direcções sabem quem pratica
um bom futebol e quem está a fazer um bom trabalho, não querendo estar aqui a
alongar a conversa, vocês nem imaginam o trabalho e o tempo que dedico ao
futebol, o meu presidente sabe, meus adjuntos e atletas também o sabem. Ainda bem
que a minha esposa e minha filhota adoram futebol.
FafeDesportivo: O G.D.
Fareja é um clube com uma excelente organização. Sabemos que muita da referida estrutura,
concretamente em termos logísticos, tem o cunho pessoal do Rafael Leite. Sente
que deve fazer mais no clube do que ser meramente treinador?


Rafael
Leite: Eu sei que estou a fazer muito pelo clube, sei que
estou a ajudá-los a organizar-se, serem ambiciosos mas tudo isso é por paixão
pelo futebol e porque merecem e têm vontade de crescer. Como treinador quero
que os atletas tenham mais e mais condições de treino. As pessoas nem imaginam
as condições que os atletas irão ter depois de finalizadas as obras dos
balneários, no qual posso adiantar que no total iremos ter 270 m2 de área
coberta, mais não posso dizer. Ajudo com muitas ideias, não haja dúvida, mas o
trabalho é da direcção. Quanto a mim sou treinador e é verdade que qualquer que
seja a equipa técnica deseja sempre ter as melhores condições para efectuarem o
seu trabalho, é para isso que eu luto sempre.
FafeDesportivo: A época
passada foi de estreia absoluta nos campeonatos distritais da A.F. Braga.
Considera a participação positiva?
Rafael
Leite: Muito positiva, é verdade que houve muitos jogos no
qual me custou muito perdê-los vendo a minha equipa a praticar um bom futebol e
criar situações de finalização e sofrendo golos muito infantis. Mas no final da
época conversei com todo o plantel fazendo o balanço da época desportiva. Aí
voltei a frisar, uma equipa que entra na distrital pela primeira em que tivemos
27 atletas (2 desistências), sem receber (nem para gasóleo),com assiduidade de
90% (115 treinos), atletas que praticamente pouco jogaram e mantiveram-se
firmes, conseguir metade dos jogos pontuando (7 vitórias,5 empates), deixando
clubes atrás de nós na pontuação. Sim acaba por ser positivo, mas na cômputo
geral sabe mesmo a pouco.
FafeDesportivo: Para a
próxima temporada, o seu clube parece disposto a ter uma prestação ainda mais
ambiciosa. Para chegar onde?


Rafael
Leite: O clube claro que está com mais ambição, é assim que
deve ser, se não também não estaria no barco. O que posso dizer enquanto
treinador, é que todos os atletas terão ambição com certeza, vontade de vencer
todos os jogos praticando um bom futebol não tenho dúvidas. Chegar mais longe
sim estar nos lugares cimeiros e logo se vê.
FafeDesportivo: Quem
contrata os atletas no G.D. Fareja, o treinador, o Presidente, ou ambos?
Rafael
Leite: Ambos, mas indico os nomes e gosto de falar com todos eles,
explicar qual a nossa organização, como trabalhamos, como serão tratados, como
trato os atletas e que confiando em mim farão uma boa época.
FafeDesportivo: Falemos
também da formação. Formar jogadores e homens é assunto que exige uma
responsabilidade acrescida. Trabalha-se bem esse aspecto no G.D. Fareja?
Rafael
Leite: Sim estamos no segundo ano de formação no qual esta
época terá uma equipa de benjamins. Eu tendo finalizado o curso sei bem a
importância que tem a formação dos atletas. Enquanto coordenador no Fareja,
pensarei sempre em primeiro lugar na formação e depois sim na competição, é
verdade que a equipa de juniores já se pensa mais um pouco na competição. As
equipas técnicas terão que ter formação, caso já da equipa técnica dos juniores
ser composta por 4 elementos e como treinador principal, o meu colega de curso
do nível 1, Ricardo Martins.
FafeDesportivo: Enquanto
treinador, onde pretende chegar o Rafael Leite? Vamos ter uma espécie de
Augusto Mata, um homem que treinou o mesmo clube, F.C. Infesta, durante 20 anos
seguidos?
Rafael
Leite: Posso dizer-lhe que no futebol e como treinador nunca
fui movido pelo dinheiro, graças a Deus não preciso de futebol para me ajudar
nas contas, então muito simples, estarei sempre onde me sentir bem, onde as
direcções tiverem ambições, organização e mente aberta nas novidades. Então
poderei estar muitos anos no GD Fareja, como não, logo se vê. Às vezes eu e o
presidente Jonathan, falamos em sintéticos e pró-nacional e vamos embora!
FafeDesportivo: Tem neste
momento um plantel com 23 jogadores. O plantel está fechado, ou vamos ter uma
“bomba” para que o grupo de trabalho fique completo?
Rafael
Leite: Está fechado e não está, logo se vê.
FafeDesportivo: O que é
que o Rafael promete aos jogadores que têm ingressado no clube?
Rafael
Leite: Simples, se gostam de praticar bom futebol e trabalhar com uma equipa
técnica muito curtida e que sabe o que faz, então recomenda-se, mesmo a minha
companhia durante uma época, depois o que pode acontecer é não me largarem mais
(risos).
FafeDesportivo: Com a
ampliação do terreno de jogo, sente que é necessário implementar na equipa uma
forma diferente de jogar? Vai haver muito mais espaço entre linhas…


Rafael
Leite: Diferente, claro que não fomos das equipas que melhor futebol praticou, agora
com mais espaço vou mudar, vou adaptar-me. Não vou de certeza mandar mais
atletas jogar futebol directo nas costas das defesas. Iremos sim jogar com a
bola no chão, com trocas de bola muito rápidas, boas movimentações e passando
pelas 3 fases de jogo quer sejam a nível ofensivo ou defensivo.
FafeDesportivo: Parece uma
pergunta semelhante a outra que já fizemos, mas não é…com que Fareja é que os
sócios e simpatizantes do clube podem contar na próxima época? Um lugar nos
cinco primeiros? É colocar a fasquia demasiado alta?
Rafael
Leite: Podem contar com um futebol bem praticado, com muita
motivação e entrega dos atletas, com mais vitórias, com mais golos marcados e
menos golos sofridos, aí fazemos as contas e já se vê. Mas acredito nos lugares
cimeiros. Para que tem ambição e não tem receio do que faz, a fasquia nunca
está alta.
FafeDesportivo: A nossa
conversa já vai um pouco adiantada. O Rafael terá, obviamente, algum
agradecimento/crítica a fazer. Disponha, o espaço é todo seu.


Rafael
Leite: Críticas não, se não fico mal visto. Sou uma pessoa frontal.
Vou dar um exemplo, às vezes queremos dizer algo e escrevemos o que sentimos e
pensamos, que quem ler irá perceber aquilo que escrevemos, mas interpretam de
forma diferente. Aconteceu-me duas vezes na última época, mas o outro lado não
percebeu e preferiu responder. Claro que hoje nem sequer teria feito da mesma forma,
porque o mais importante são os meus atletas e como nós trabalhamos com eles.
Daí achar que criticar ou às vezes dar a nossa opinião não deve ser escrito. Agradecimentos, teria uma
lista enorme, mas em primeiro a minha esposa e minha filhota têm sido minhas adeptas
em todos os jogos e mais às vezes, meu grande amigo Nilton Silva que além de um
grande adjunto, um grande homem, vinha para me ajudar 15 dias e ficou 3 anos. A
direcção, para todos eles que têm sido incansáveis, eu aqui a falar e ele no
campo agora a trabalhar nos balneários, ao presidente Jonathan, que tem passado
das boas para me aturar e eu sempre a dar-lhe ideias novas o meu muito obrigado.
Agradecer a todos os atletas que têm confiado em mim e no meu trabalho, e a
todos os adeptos e simpatizantes do GD Fareja que têm gostado e valorizado meu
trabalho. Já agora, a todos os leitores por terem lido esta entrevista, a
primeira de muitas. E venham, ver alguns jogos, que com certeza irão gostar,
esta é a minha promessa.
Saudações desportivas
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