sexta-feira, 7 de junho de 2013

Colóquio do O.F. C. Antime totalmente fiel ao tema " O Outro Lado do Desporto"



Texto e Fotos: Abel Castro



  • O terror das lesões graves
  • As "azias" por não jogar
  • A falta de ética desportiva
  • O doping...
  • Salários em atraso
  • O Marketing no Desporto
  • As famílias dos desportistas
  • A tragédia Robert Enke
  • A cabeçada de Zinedine Zidane
  • A tristeza de Cristiano Ronaldo
  • Não ao racismo









Englobado nas celebrações do seu 70.ª aniversário, o Operário Futebol Clube de Antime incluiu nas festividades um Colóquio denominado " O Outro Lado do Desporto", e em boa hora o fez.

O Auditório da Junta de Freguesia teve como assistentes cerca de uma centena de pessoas, desde jogadores, treinadores e dirigentes de diversos clubes e também algumas senhoras.

O Jornalista da Antena 1, o fafense Carlos Rui Abreu, foi o moderador, ele que fez questão de referir que, foi em Antime que começou a fazer relatos de futebol, tendo ainda guardada na mente uma equipa completa do Operário de Antime, com suplentes, treinador e tudo.

Bernardino Dias, Psicólogo de Desporto, teve uma intervenção valiosa ao introduzir a sua experiência profissional, bem como, os seus vastos conhecimentos neste evento, recordando à plateia que o factor psicológico é determinante na prática desportiva. Relembrou a tragédia Robert Enke, a cabeçada de Zinidine Zidane, e ainda a tristeza de Cristiano Ronaldo na última época ao serviço do Real Madrid. Focou ainda algumas questões, como por exemplo, o menino que chora por ter ficado em quarto lugar no pódio, o desporto adaptado onde se conquistam grandes proezas a nível mundial, a culpa dos dirigentes quando criticam o desempenho dos atletas, as constantes contestações ao trabalho dos árbitros, que a maioria das pessoas esquecem, tal como o nome indica, é um juíz no decorrer da competição, e também a falta de ética.

Jorge Ferreira, árbitro, apresentou um bonito vídeo, dando a conhecer o "outro lado do árbitro". Para descomprimir de um jogo, nada melhor que um treino no dia seguinte, bem cedo. O árbitro fafense fez questão de referir que os árbitros, tal como todos os agentes de futebol, também erram. E quando sentem que as coisas não correram bem no desempenho das suas funções, nunca mais chega a hora de dormir, pois todos os lances são alvo de reflexão, já em casa, e depois na cama. Rereriu-se ao Antime, como sendo um dos seus clubes, pois foi ainda no velhinho pelado do Albino Meireles que começou a correr atrás de uma bola, até sentir a paixão pela arbitragem que faz dele actualmente um árbitro da 1.ª Liga do Futebol Português. Jorge Ferreira disse ainda ser prática corrente, estudar a forma de actuar das equipas que dirige jogo, após jogo.

Paulo Alves, Treinador de Futebol, disse que não há nenhum treinador no mundo que leva a mesma cara para casa nas vitórias e nas derrotas. Confidenciou que é um técnico minucioso, e para analizar um adversário, prefere ter de se deslocar seja onde for, do que optar pelo estudo do adversário no sofá. Em Inglaterra e França, disse, vive-se mais o dia do jogo em detrimento do trabalho semanal. Culturas diferentes, em países diferentes, mas que Paulo Alves não concorda. Também ele, disse ir muitas vezes para a cama pensar no melhor esquema para defrontar determinadas equipas. E então, quando a sua equipa perde, a "culpada" é mesmo a cama, onde Paulo Alves se farta de dar voltas até adormecer.

Sandro estava a "jogar" em casa. Precisamente no lugar onde nasceu, no Bairro de Antime, Sandro estava emocionado por ser um dos ilustres convidados. Referiu-se ao Antime, dizendo que agradece ao clube da sua freguesia por ter chegado onde chegou, acresentando depois que, o "terino invisível" é determinante. Referia-se a uma boa alimentação e ao inevitável descanso que um atletas de alto rendimento precisa de ter. Disse ainda Sandro que, é mais fácil ser jogador dr futebol do que árbitro. Referiu-se depois às lesões, ele que ultrapassou uma rotura de ligamentos com enorme sacrifício, tendo sessões de fisioterapia sete vezes por dia! Para não fugir à regra, o atleta fafense é mais um dos que quando regressa dum jogo mal sucedido, é "forçado" a passar toda a partida em revista junto do travesseiro, até altas horas da madrugada.

Alex foi o orador seguinte, referindo desde logo a A.D. Fafe, clube que o lançou no futebol e a quem está eternamente grato. Falou da recente conquista do Jamor, mas tal como disse, o jogador tem de perceber que a festa é somente para as bancadas. Como capitão no Vitória de Guimarães, Alex sente uma responsabilidade acrescida pois, tal como disse, leva para junto da sua família o seu desânimo, acrescido do dos colegas da sua equipa, referindo-se às dificuldades financeiras e desportivas. Terminou em beleza dizendo" O dinheiro não é tudo na vida. Basta ver o que o Vitória conquistou, numa época muito difícil em termos financeiros".

Flávio Meireles, Director Desportivo do V.S.C. Guimarães, disse sentir uma enorme nostalgia sempre que passa em frente ao Campo de Jogos da A.D. Fafe. "Fafe é uma terra querida para mim, que muito me deu, como homem e como jogador" referiu. Flávio disse que sair do relvado, pendurar as botas, para ir para um gabinete não é tarefa nada fácil, ainda por cima num clube com graves problemas de tesouraria. De qualquer das formas, disse..."aprendi mais este ano do que com antigos Directores. Desenvolvi uma tarefa muito difícil, mas no final senti-me compensado".

Inácio Anjos, representante do Instituto Português da Juventude, referiu ser um profundo conhecedor do Operário de Antime. Em relação ao estado actual do nosso futebol referiu que há, naturalmente, muitas alterações. Desde o Marketing nos clubes, aos médicos, terapeutas etc... No entender do Prof. Inácio dos Anjos, a ética desportiva é uma das suas maiores preocupações. "É muito fácil falar em ética, mas são poucos os que a colocam na prática. Não pode existir falta de respeito pelo adversário, porque se assim continuar, qualquer dia não há adversário, e consequentemente, não há jogos. É muito importante a formação, mas é nesta área, que se deve fomentar desde logo a ética, a vivência em sociedade etc.. Devemos ter um comportamento cívico, com um rotundo não ao racismo, bem como aos casos de doping. Veja-se o exemplo do Lance Amstrong que enganou o mundo todo, enganando-se a ele próprio e um sem fins de fãs que o apoiavam mundialmente" concluiu.

Pompeu Martins, Vereador da Cultura e Desporto da C.M. Fafe, elogiou o Operário de Antime pela comemoração do seu 70.º aniversário, incluindo no programa um evento desta natureza. "70 anos são uma escola de vida. O papel que cabe ao desporto é deveras importante na nossa sociedade. O Antime tem sabido faze-lo bem, e está de parabéns. Defendemos intransigentemente o fair play e a ética no desporto. Registamos com inteiro agrado a entrada no desporto das meninas. Fafe está muito atento ao fenómeno, e não é por acaso que já temos realizado na nossa cidade grandes eventos. a Volta a Portugal em bicicleta, o W.R.C. Fafe e outros como foi a a Final da Taça 8 de Basquete. Que estes estimulem os amadores para um maior crescimento desportivo. Desejo e espero uma longa vida para o Operário de Antime" disse a terminar.

Jorge Marinheiro, Presidente do O.F.C. Antime teceu discursos de agradecimentos no final, referindo que não contava nada com a oferta efectuada pelo V.S.C. Guimarães (Uma placa alusiva e um galhardete). "Já nas comemorações dos 50 anos abordamos este tema, onde, curiosamente, eu era também Presidente. Defendemos e lutamos todos os dias pela ética e fair-play, e não é obra do caso que, o Antime vence quase todos os anos o Troféu institituído pela C.M. de Fafe "Não À Violência Viva O Desporto". Este ano não vencemos porque fomos prejudicados em casa por um árbitro, venceu o Agrupamento a quem endereço os meus parabéns. Saímos daqui mais instruídos, pelos testemunhos e exemplos de vida destes ilustre convidados. Obrigado e todos, a  quem ficaremos eternamente gratos", concluiu Jorge Marinheiro.

 

 

 


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