sábado, 29 de setembro de 2018

Frederico Ricardo, o 1.º treinador português na Eslováquia


Por: Ruben Tavares (Record)

Frederico Ricardo, o 1.º treinador português na Eslováquia

"Aqui os jornalistas fazem questão de me lembrar isso várias vezes", conta o treinador português a Record

Frederico Ricardo abraçou o desafio de ser treinador principal pela primeira vez e fora do seu país. Desde há cerca de dois meses que o técnico, de 39 anos, orienta o FK Senica.

Record, Frederico conta as peripécias deste novo capítulo do seu trajeto futebolístico. Até já entrou na história do futebol eslovaco. "Aqui os jornalistas fazem questão de me lembrar várias vezes que eu sou o primeiro treinador português na Eslováquia", contou, por meio de risos e motivado com o projeto onde está inserido.
No 11º e penúltimo lugar da classificação, o FK Senica faz, neste momento, e confiando nas palavras do seu treinador, uma "pré-época em competição". "A uma semana de começar o campeonato um investidor venezuelano comprou o clube. Ainda esta semana, para lhe dar uma ideia, recebi dois defesas-centrais que ainda não podem jogar. Temos 10 nacionalidades diferentes no plantel e apenas seis eslovacos. O projeto do clube é vender jogadores e garantir mais-valias dessa forma, o que por vezes atrapalha a vertente desportiva e a gestão do grupo. Têm sido contratados jogadores, por exemplo, na 2ª e 3ª divisões da Argentina que nunca jogaram numa 1ª divisão. É um período de alguma turbulência. Creio que dentro de dois meses estaremos a jogar o nosso melhor futebol", esclarece.
Frederico Ricardo chegou depois da 4ª jornada e aponta também a "maneira inglesa" como o clube é gerido, uma realidade um pouco transversal ao resto das equipas eslovacas. "Temos um manager aqui, o holandês Ton Caanen, e o clube é apenas de uma pessoa. A maior parte dos clubes aqui estão nessa situação, mas já há uns cinco, seis anos. Nós ainda estamos muito numa fase inicial. É assim muito à maneira inglesa. No FK Senica também estabeleceram um sistema de jogo para todas as equipas, desde as camadas jovens até à equipa principal, que é o 3x5x2, o que retira alguma autonomia ao treinador. É o único aspeto menos bom que aponto ao clube", refere o ex-adjunto do S. Martinho.
As condições físicas, financeiras e de organização quer do clube quer do país em si são dignas dos elogios de Frederico Ricardo. "A Eslováquia é um país muito organizado e onde nos sentimos bem. As condições financeiras que o clube me oferece são excelentes. Até lhe posso contar que tive um convite da China para trabalhar na federação de futebol, mas, logo que fui contactado para este projeto como treinador principal, aceitei de imediato vir para aqui. O estádio tem capacidade para 7000, 8000 pessoas e temos campo de treinos, até preparados para treinarmos no inverno. Por outro lado, como a equipa tem menos eslovacos, sinto os adeptos um pouco desconfiados quando me abordam na rua…", explica Frederico, natural de Bragança.
Amanhã, o FK Senica recebe o FC DAC 1904, o 2º classificado. "É uma equipa muito forte, conta com três internacionais húngaros e, por exemplo, um internacional panamiano que esteve este verão no mundial da Rússia. A imprensa já diz que são favas contadas, mas no futebol nunca se sabe…", antecipou o técnico.
A última pergunta, inevitavelmente, tinha de puxar pela brasa lusitana: Frederico, pensa voltar a Portugal? A resposta não se fez rogada. "Dentro de três, quatro anos quero estar a treinar uma equipa da 1ª liga portuguesa!" Noutro âmbito, o treinador não esquece o seu longo percurso como adjunto pelos escalões secundários de Portugal e um treinador "de grande qualidade" que acompanhou: Agostinho Bento. "É um grande treinador que está a fazer um excelente trabalho, mas que não é muito falado", disse o técnico sobre o amigo com quem trabalhou no São Martinho, do Campeonato de Portugal.
A carreira de treinador de Frederico Ricardo começou em 2002/03 nas escolinhas do FC Porto. Depois passou 14 anos a trabalhar quer na formação quer como preparador físico e adjunto da equipa principal do Fafe. Na última época, foi adjunto de Agostinho Bento no São Martinho, emblema de Santo Tirso. Agora luta na Eslováquia por cumprir o objetivo do FK Senica: manter-se na 1ª divisão. Em 12 equipas, uma será relegada ao segundo escalão.

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