sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

O manifesto do corpo. Texto que refere uma doença crónica...


Redacção

FafeDesportivo recepcionou o texto abaixo melhor identificado, com pedido de publicação, que refere integralmente o seguinte;


O MANIFESTO DO CORPO

A condição de nascimento influencia, e muito, as oportunidades, assim como o acesso às ferramentas para aproveitar essas mesmas oportunidades. 
O meu percurso de vida não reconhece essas oportunidades. 
Como descendente de uma outra geração aprendi a desconfiar das oportunidades pré estabelecidas com o meu poder de escolha. 
O poder de escolher uma determinada opção ao invés de outras, eventualmente disponíveis. 

Neste sentido, conferenciemos sobre o amor que nos une – O DESPORTO. 
O desporto pode ser a tal opção intrínseca ou eventualmente, a escolha influenciada pelos nossos entes ou ainda terceiros. 
Eu (nós) escolhi a natação para a minha pequena. 

Tenho a certeza que os nossos leitores dispensam a apresentação dos benefícios da atividade em causa já para não falarmos da sua essência. De facto, ela salva vidas. A pequena tinha três, quase quatro anos. Lembro-me como se fosse ontem! Recordar é viver o seu primeiro dia de aulas. Um turbilhão de emoções. Assim continuamos por um longo período de tempo. De uma escolha e vontade consciente surge o nascimento de uma atleta. No passado, com treinos à segunda e quinta-feira adaptados à sua tenra idade e agora, praticamente todos os dias e ocasionalmente com treinos bi horários. 

Acredito que a natação, caracterizada pela disciplina, vontade e sacrifício contribuiu para a nossa formação como pessoas, num todo quotidiano relacional e social. 

A Atleta tem hoje quinze anos e representa a Associação Desportiva de Fafe. Alguns anos passaram e com estes, amizades, desafios e glorias. Muitas glórias querida filha… O manifesto do corpo, da sua força psicológica foi interrompida pelo infortúnio da lesão desportiva. O diagnostico da lesão crónica é compreendida pelo uso excessivo de uma determinada área do corpo que envolve longas sessões de treino e/ou movimento várias vezes repetido que advém dos erros de treino consequentes da atividade física extrema e/ou técnica inadequada. 

Neste sentido os treinos da atleta em causa foram substituídas pelo repouso e pelos tratamentos supostamente adequados como por exemplo a fisioterapia. Entretanto passaram oito longos meses, cujo tempo deveria ser suficiente no registo de melhorias significativas e consequentemente, o reingresso da atleta. No entanto isso não acontece. O tratamento revelou-se ineficaz, obrigando à necessidade de outros tratamentos e exames solicitados pelo respetivo médico do clube, como por exemplo, a ressonância magnética que permite estabelecer um diagnóstico medico mais preciso, já que possibilita a exibição em grande detalhe dos órgãos e tecidos do corpo. 

Neste sentido surge a tal questão, oportunamente referenciada, das oportunidades e opções, neste caso e em particular, entre as diferentes partes. A parte responsável tem a oportunidade (o dever) de agilizar o processo através dos meios necessários oportunamente presentes no seguro desportivo. Porém os mesmos optam por “meias palavras” sem qualquer responsabilização real e entre ajuda perante as comunicações necessárias e realizadas pela nossa parte. Assim o treinador em causa, para alem de postergar a condição de lesão da sua atleta, onze anos de convivência, dedicação e partilha para com as pessoas deste do club ADF, opta deliberadamente por ignorar o percurso reconhecido e sucessivamente premiado da Atleta Júnior em causa. Verifico portanto que as atitudes, as opções das pessoas reflectem o seu ser como profissional e sobretudo como ser humano. 

Por fim questiono - será o infortúnio, origem da lesão ou das pessoas com quem nos debatemos? Será quezila do treinador ou laxismo derivado de um carácter questionável? Certamente todos teremos uma opinião. 

Pai e Mãe de uma atleta: 

Obrigada filha. 

Obrigada para os que fazem acontecer.

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