terça-feira, 27 de maio de 2014

Agostinho Bento...fomos o melhor ataque da nossa série, fomos a equipa que menos derrotas sofreu em todo o campeonato nacional de seniores (80 equipas), e segunda melhor defesa de todo o campeonato nacional de seniores.


Texto e fotos: Abel Castro



FafeDesportivo à conversa com Agostinho Bento

 Assumirmo-nos como candidatos foi prejudicial.


 -    A seguir ao Rui Costa, o Cesinha foi o melhor jogador que passou no Fafe.


 - Fomos eliminados da Taça de forma inglória por uma equipa que lutou pela subida à 1.ª Liga.


 - Abraço de solidariedade dos Fighters Boys foi muito reconfortante.


 - Enquanto for treinador, serão premiados a qualidade e o mérito desportivo.


 - Não fomos suficientemente bons para vencer o Pedras Salgadas.


 - Mais importante que o meu futuro, é o futuro do Clube.


 - Agradeço aos meus jogadores e aos familiares que sofrem em silêncio.


 - Comissão de Gestão tem feito o possível e impossível para estabilizar o clube.


FafeDesportivo: Agostinho Bento, o Fafe assumiu praticamente desde o início da época o primeiro lugar, refira-se, o que dava acesso à subida. Na sua óptica, o que falhou?
Agostinho Bento: Primeiramente gostaria de realçar que havia 4 ou 5 equipas tão favoritas como Fafe, não ao nível do seu historial, mas em relação ao que realmente interessa que é a qualidade do seu plantel. Em segundo dizer que ao assumir o primeiro lugar, estrategicamente, sabendo que nos aumentaria a responsabilidade, pretendíamos que todas as pessoas do concelho se unissem em volta da equipa e nos apoiassem de forma incondicional e que as estruturas do futebol português nos respeitassem como tal. Fazendo um balanço do que aconteceu constato que o feedback não foi o pretendido e que assumir-nos como candidato foi prejudicial. Respondendo concretamente a pergunta, julgo, tirando os aspectos que não podemos controlar, faltou-nos personalidade nos jogos com as equipas do nosso nível. Demonstramos que não eramos inferiores mas não tivemos argumentos qualitativos para ser superiores.
FafeDesportivo: Achamos oportuno perguntar novamente; A falta de Cesinha na equipa fez-se sentir, obviamente. Porque motivo não se contratou um jogador com as suas características?
Agostinho Bento: O Cesinha foi na minha opinião o melhor jogador que passou no Fafe após o Rui Costa. Obviamente que era um achado e uma grande mais-valia para equipa, mas não posso afirmar peremptoriamente que o campeonato seria diferente. Não contratamos ninguém com características parecidas porque em primeiro não existiam naquele momento jogadores sequer parecidos e porque não tínhamos argumentos financeiros para contratar jogadores criativos e desequilibradores. Actualmente, face ao seu orçamento, o Fafe paga pela sua interioridade e apenas restringe o seu leque de recrutamento aos concelhos vizinhos.
FafeDesportivo: Nós acompanhamos todos os jogos da A.D. Fafe, em casa e fora. Houve momentos que a equipa jogava melhor fora de portas. Isso deve-se a que factores?
Agostinho Bento: Em casa o Fafe tem mais dificuldades porque os adversários vêm jogar no nosso erro, dando pouco espaço entre linhas e nas costas da defesa. Se o adversário não arriscar e jogar de forma directa e juntar o seu bloco após a perda de bola, precisamos criar esses espaços e aí são necessários jogadores ofensivos criativos e desequilibradores que possam executar e pensar rápido e com eficiência. Com organização e rigor consegue-se defender bem, mas para atacar com qualidade é preciso mais qualquer coisa. Esbarramos novamente no orçamento.
FafeDesportivo: Apesar do Fafe andar sempre nos lugares da frente, inclusive na liderança sem perder nenhum jogo, veio o encontro para a Taça de Portugal com o Aves onde a A.D. Fafe sofreu a primeira derrota. Isso deixou mossa no plantel?
Agostinho Bento: Sinceramente não acho que a eliminação tenha feito mossa no plantel. A Taça de Portugal é um sonho fantástico enquanto dura, mas todo o grupo tinha noção que os obstáculos seriam grandes. Só lamentamos ter perdido o jogo, contra uma equipa que lutou para subir à 1.ª liga, da forma inglória, mas com grande orgulho pela qualidade do nosso jogo.
FafeDesportivo: A equipa do Fafe, exceptuando um ou outro jogo, criava em média quatro a cinco oportunidades flagrantes de golo. Contudo, na hora da finalização a bola não entrava. Deve-se à ineficácia dos homens da frente? Deveria ter-se trabalhado mais estas situações?
Agostinho Bento: As situações de finalização estão presentes em 90% das nossas unidades de treino. Não acho que a falta de eficácia passe por aí. A finalização é um momento muito aleatório que passa muito pela inspiração momentânea e pela tomada de decisão, o que muitas vezes são incontroláveis. No entanto gostaria de lembrar que fomos na nossa série a 10 clubes, com Bragança e Limianos, a equipa que mais golos fez em jogos oficiais esta época-50 golos.
FafeDesportivo: Julgo que há um jogo que certamente não esquece tão cedo, o que o Fafe disputou em Vila Pouca contra o Pedras Salgadas. Uma vitória levava a A.D. Fafe para a fase de subida. Conte-nos o que falhou nesse jogo…
Agostinho Bento: Sem lamentar nada porque não vale a pena, simplesmente não fomos suficientemente bons para vencer esse jogo. As duas semanas seguintes a este jogo foram obviamente de enorme tristeza porque todos sentíamos que merecíamos mais e que nos tinham tirado algo. O trabalho de motivação não foi fácil até porque, confesso, nós, equipa técnica, apesar de não o demonstrar ao grupo de trabalho, também estávamos desiludidos. Felizmente temos um grupo de jogadores de enorme carácter e que facilitaram o nosso trabalho e que continuaram o seu percurso competitivo. A prova disso são os números do nosso rendimento que não enganam. Ao fim de 35 jogos oficiais, fomos o melhor ataque da nossa série (com Bragança e Limianos), fomos a equipa que menos derrotas sofreu em todo o campeonato nacional de seniores (80 equipas) e segunda melhor defesa de todo o campeonato nacional de seniores. Nesse período, gostaria de realçar o gesto simbólico mas muito reconfortante da claque Fighters Boys, que vieram ao treino dar-nos um abraço de solidariedade e reconhecer o nosso trabalho. Para eles, muito obrigado.
FafeDesportivo: Foi difícil motivar os jogadores após o falhanço da fase de subida?
Agostinho Bento: Nestas situações, obviamente, que o treinador tem que tentar manter o grau de competitividade e explicar- lhes que poderemos passar a ser uma solução. Se nós somos uns dos principais interessados não podemos desistir.
FafeDesportivo: Também nesta segunda fase do campeonato, assumiu o primeiro lugar que veio a acontecer na última jornada. Algumas vozes se levantaram contra si, nomeadamente no que concerne à não aposta nos actuais ex-juniores. Explique-nos melhor, até para clarificar a situação, porque motivo não colocou a jogar os jovens da formação a tempo inteiro…
Agostinho Bento: Não gostaria de muito de dar para este peditório, mas posso reafirmar mais uma vez que no meu grupo de trabalho, enquanto for treinador, serão premiados a qualidade e o mérito desportivo. Nunca irei olhar para a idade, cor ou naturalidade. Na vida, ensinaram-me que para beneficiar uns não devemos passar por cima dos outros. Sei das dificuldades do Fafe mas devo, volto a repetir, premiar o mérito.
FafeDesportivo: Após estes quatro anos no comando técnico do futebol sénior da A.D. Fafe, vamos ter Agostinho Bento para o quinto ano consecutivo?
Agostinho Bento: Já tive oportunidade de dizer que não vale a pena falar do meu futuro, até porque não o sei. Neste momento é mais importante o presente e o futuro do clube.
FafeDesportivo: Pretende deixar alguma mensagem, de agradecimento ou crítica para alguém?
Agostinho Bento: A primeira mensagem de agradecimento vai para o Prof. Ricardo, meu amigo para o bem e para o mal. A segunda para a todo o nosso grupo de trabalho sobretudo os meus jogadores, ao contrário do que alguns pensam foram fantásticos. A terceira vai para os familiares de todos eles que sofrem em silêncio e os ajudam a ultrapassar as tristezas. A quarta vai para os elementos da Comissão de Gestão que têm feito o possível e impossível para estabilizar o clube. E a última, para os adeptos do clube que nos apoiaram nas horas boas e menos boas e sei continuarão a apoiar no futuro. A todos, muito obrigado.







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