Por: Sónia Marinho
Nos dias 27 e 28 de Abril 2013, a
Associação de Karate de Fafe, à semelhança, do que ocorre nos últimos anos 25
anos, teve a honra de participar no 25º Estágio Internacional denominado
“Treino Internacional Kancho Kanazawa”, realizado na Faculdade de Desporto da
Universidade do Porto (FADEUP), pela Federação Portuguesa de Karaté Shotokan
(FPKS).
Treinos estes, orientados pelo
indelével, Kancho Kanazawa, segundado por dois instrutores japoneses da
Shotokan Karate International Federation (SKIF), seu filho Sensei Nobuaki
Kanazawa e Sensei Shinji Tanaka, ambos 6ºs Dan.
Aliás, em Abril de 2005, a A.K.
Fafe, teve a honra de ser a anfitriã de tão ilustre personagem, reconhecida
além-fronteiras como a “lenda viva do Karate Shotokan”, que até à data nunca
tinha saído das grandes metrópoles como Porto e Lisboa.
Tal facto, deve-se ao reconhecido
mérito da AKFafe, particularmente na pessoa do seu Director Técnico – José
Marinho (5º Dan), que conseguiu que o Kancho Kanazawa, juntamente com o seu
filho Sensei Nobuaki Kanazawa e com o Shihan Mário Águas 6º e 7º Dan,
respectivamente, viessem à sua terra natal, presentear os fafenses com um
treino internacional.
Este fim-de-semana marcial, contou
com a participação massiva de karatecas, cerca de seis centenas praticantes
jovens e menos jovens, vindos de todo o país, assim como de Espanha e de Inglaterra.
O Kancho Hirokazu Kanazawa, 10º
Dan, de 83 anos de idade, escolheu Portugal para se despedir dos estágios
internacionais.
Os praticantes da AKFafe
aproveitaram para treinar pela última vez com o Kancho Kanazawa, cuja
mais-valia não tem limites, deixando, aqui, alguns dos seus ensinamentos,
relembrando a entrevista que deu ao Expresso:
“Em matéria de karate, a hierarquia
é coisa para se levar muito a sério. É tudo uma questão de respeito, palavra
que Kanazawa, o Kancho (quer dizer, precisamente, o "líder", o
"topo") evoca em cada ideia que transmite. Para ele, o karate é
essencialmente isso. E é "harmonia entre todas as pessoas", é
"muito bom para a saúde, para o espírito e para o corpo". Quando
começou a treinar era diferente: "Nessa altura, eu ainda não pensava no
karate como um meio de moldar o meu carácter, era apenas para lutar",
confessa, ao Expresso, o homem mais graduado do mundo (10.º Dan). Depois, o
karate aconteceu-lhe e tornou-se tudo. "É a minha vida". Viaja por
todo o mundo (já conheceu mais de 90 países), passa oito meses por ano fora do
Japão. A Portugal, vem desde 1990, com o filho mais velho, Nobuaki Kanazawa
(6.º Dan). Gosta da cultura partilhada entre os países, do "espírito e
carácter semelhante". Gosta de Portugal como gosta do Hawai, de Hong Kong,
da Irlanda e da Eslovénia, os seus "países preferidos".
Kanazawa é muito mais que a
graduação que carrega. É uma lenda em movimento com seguidores em todo o mundo
- a SKIF (Shotokan Karate-Do International Federation), instituição que criou e
à qual preside, reúne mais de três milhões de praticantes distribuídos por 120
países. Quando era pequeno, sonhava ser piloto ou general. Queria ser
"diferente". E conseguiu. Kanazawa faz uma vénia e sorri. Na sede da
Federação Portuguesa de Karate Shotokan (FPKS), que promove a vinda do japonês
ao nosso país, pede desculpa pelo inglês que fala não ser perfeito. Dentro do
dojo (o local onde se pratica karate) não precisa de mais: é o corpo dele quem
fala. Imitam-lhe os movimentos - os dele e os de Nobuaki, sucessor de Kanazawa
para o título de Kancho. Os movimentos perfeitos, milimetricamente desenhados,
robotizados, os movimentos (que pensávamos) irrealizáveis. "É tudo uma
questão de treino", garante o único aluno vivo de Gichin Funakoshi (o
"pai do karate moderno"), a poucos dias de completar 79 anos.
"Treinava de manhã, antes de ir para a escola. E à tarde, depois da
escola. E à noite". Treinava todos os dias ("no day off") e
quando chegava a casa treinava mais: "Quando chegava a hora de descansar,
continuava a treinar na minha cabeça, imaginava os movimentos e
desenhava-os".
"O karate é ganharmos a nós
mesmos", diz Kanazawa. E essa filosofia, esse "espírito Budo", é
que abala a teoria de quem vê o karate como uma mera actividade física: "O
desporto é um jogo, é vencer o adversário. O Budo é diferente". Bem-haja!
Por último, de referir que teve
lugar, no referido encontro internacional, à entrega simbólica de diplomas de
antiguidade de filiação na FPKS (Federação Portuguesa de Karate Shotokan) a
José Marinho (5º Dan), Verónica Costa (3º Dan), Cláudia Marinho (2º Dan) e
Sónia Marinho (3º Dan) com 40, 29, 26 e 25 anos de prática, respectivamente, da
A.K.Fafe.