- Artur Magalhães termina mandato e não se
recandidata - após 10 anos no clube.
- Andebol Clube de Fafe, com 21 anos de
existência, poderá passar por um vazio - caso não se alterem as coisas.
FafeDesportivo: Artur Magalhães, o ACF, conseguiu o primeiro grande
triunfo da temporada, a manutenção na 1.ª Divisão Nacional em Andebol. Houve
alguma preparação específica?
Artur Magalhães: Sim era sem dúvida o nosso objectivo e conseguimos
atingi-lo logo foi uma conquista. Para estarmos minimamente preparados
iniciamos a pré-época no dia 25 de Julho ou seja 15 dias antes do habitual.
Construímos uma equipa a pensar na 1ª divisão, conjuntamente com o treinador
Prof. José António Silva, efectuamos jogos com equipas fortes que nos deram um
andamento muito interessante para esta altura da época. Relembro que o ACF
realizou 5 jogos de preparação frente às equipas: ABC (campeão nacional dois
jogos); Teuco de Espanha; ISMAI (1ª divisão) e o vice-campeão do Japão o Toyota
Auto Body.
FD - Fizeram obviamente um estudo sobre as equipas do
Sismaria e do S. Mamede. Alguma vez denotaram preocupações adicionais?
AM: Claro não podia ser diferente, a forma de
trabalhar altamente profissional da equipa técnica liderada pelo Prof. José
António Silva não podia deixar nada ao acaso. Tivemos acesso a jogos dos nossos
adversários e ainda a felicidade do sorteio que colocou a duas equipas a jogar
na 6.ª feira, pelo que tivemos logo aí uma observação.
As nossas preocupações derivavam essencialmente da responsabilidade
acrescida que advinha do facto de sermos uma equipa de 1.ª divisão frente a
adversários que pretendiam ocupar as vagas existentes na 1.ª divisão.
FD - O empate no primeiro jogo com o Sismaria parece ter motivado a equipa.
Concorda?
AM - A equipa vacilou um pouco no 1.º jogo frente aos Sismarias. Após uma
1.ª parte, em que tivemos 20' bem conseguidos alcançando aí uma vantagem de 6
golos e uma 2.ª parte em que inexplicavelmente a equipa mostrou muita ansiedade
e permitiu ao Sismaria sonhar com uma vitória e complicar o nosso apuramento.
No jogo frente ao S. Mamede a equipa esteve irrepreensível, com uma atitude
séria e abnegada que permitiu gerir do primeiro ao último minuto um jogo frente
a um adversário forte e empenhado.
FD - É natural que o ambiente actual no seio de todo o grupo seja de festa.
Mas vêm aí jogos complicados no início do campeonato. Deslocação aos Açores,
recepção ao ABC e uma ida a Alvalade. Sente a equipa preparada para o arranque?
AM - A equipa precisa de tempo para evoluir como todos desejamos, relembro
que estamos a construir quase uma equipa de base, as saídas de vários atletas e
consequente entrada de outros obriga a um trabalho que demora tempo a
consolidar-se.
Em princípio vamos apenas competir no dia 10 de Setembro (solicitamos ao
Sp. da Horta a alteração da 1.ª jornada – por falta de voos para a Ilha do
Faial), assim vamos iniciar o campeonato frente ao actual campeão nacional o
ABC de Braga e de seguida enfrentamos o Sporting, uma equipa recheada de estrangeiros
e que se apetrechou para ser campeão nacional. Por tudo isso a nossa missão
está deveras dificultada, mas entraremos no campeonato cientes das dificuldades
mas comprometidos com o objectivo da manutenção na 1ª divisão nacional.
FD - Na apresentação, o treinador José António Silva dizia que a equipa
necessitava de altura, homens altos. Vêm ainda jogadores com essas
características? Há quantas vagas ainda?
AM - O plantel do ACF era composto por 20 atletas seniores. Este ano fruto
das dificuldades económicas optamos por ter um plantel mais reduzido (são 14
neste momento), conseguindo com isso dois feitos: mantermos sensivelmente o
mesmo empenhamento financeiro e dotar a equipa de atletas com características
mais próximas do que é o andebol moderno (atletas altos e fortes). Embora com
as limitações que referi, acho que conseguimos dotar o plantel com atletas com
essas características (Vasco Santos, Belmiro Alves, Bruno Landim e Paulo Silva)
falamos de atletas com altura a rondar os 2 metros. As entradas de Mário
Lourenço e o regresso do Tiago Gonçalves (Tiné) completam as entradas de
atletas na equipa. Ficaram no plantel 9 atletas da época anterior tendo saído
11 atletas (realce para as saídas dos capitães Armando Pinto e João Castilho),
Cláudio Mota, César Gonçalves, Diogo Brasão, Luís Pereira, Sérgio Ribeiro,
Felisberto Landim e Nuno Henriques.
FD - O AC Fafe teve de disputar o playoff de subida. Acha que a equipa esta
época está melhor em relação ao ano passado?
AM - Sem dúvida a equipa parece-me mais forte de que a da época anterior.
Com o alargamento para 14 clubes acho que também favorece as equipas da chamada
2.ª tabela classificativa. Se colocarmos as equipas do ABC, Benfica, F. C.
Porto, Sporting, Águas Santas e Madeira SAD, como as mais apetrechadas para
conquistarem as posições que dão acesso á disputa do campeão nacional, restam 8
equipas, na qual se integra o ACF e que irão competir na 2.ª fase da prova para
os 2 lugares de descida. O leque este ano será maior (eram 4 as equipas que
disputavam a poule de descida e passam a ser 8 as equipas).
FD - Alguns jogadores carismáticos e com muitos anos de casa não
continuaram. A que se deveu a sua dispensa?
AM - Algumas das saídas foram inevitáveis (os capitães - Armando Pinto e
João Castilho), o Luís Pereira entendeu dar um rumo diferente á sua carreira
(Xico Andebol), Nuno Henriques pretende dar prioridade aos estudos. Os
restantes foram por opção técnica e da total responsabilidade do treinador.
FD - É notório que a cidade de Fafe está cada vez mais com o Andebol Clube
de Fafe. Sente que o apoio é o suficiente para uma equipa que disputa a 1.ª
Divisão Nacional?
AM - Sinto que a cidade está com o andebol sem dúvida. Estamos na 1.ª
divisão nacional, as visitas essencialmente dos chamados clubes grandes (Porto,
Benfica e Sporting) criam natural expectativa na cidade e nos adeptos.
Encontro-me á frente dos destinos do clube há 9 anos. O clube vive
naturalmente do apoio da Câmara Municipal de Fafe (com 40% - maior
patrocinador), os patrocínios de muitas empresas de Fafe (destaco – E. Leclerc
– Dia Saúde – Ramiro e Carvalho – Fafinvest – Vinhos Lima – pois são os maiores
pilares), ainda cerca de uma centena de outras empresas que dão seu patrocínio
ou donativo (através da colocação de uma placa no pavilhão ou outra forma), que
pelo seu número é impossível referir todos. Para esta época já conseguimos um
enorme aliado – O Cachorrão – que vai patrocinar todas as equipas da formação –
12 equipas – femininas e masculinas).
Contudo tenho uma enorme mágoa – será porventura inépcia minha – o
andebol em Fafe existe há cerca de 34 anos (nos primórdios na A. D. Fafe) e
depois desde 1996 no Andebol Clube de Fafe. Já passaram pelo andebol nestes
anos cerca de 2.000 atletas. Não entendo, pois eu não era um homem do andebol,
mas habituei-me a gostar de ver andebol, como é possível que o pavilhão não
esteja sempre cheio (estamos a falar de 1. 000 pessoas), para ver uma
modalidade tão bela e jogada a uma intensidade, tendo ainda o seu clube a
disputar o escalão mais alto do andebol nacional. Acresce que para além de não
irem ao pavilhão ver o desporto que jogaram de forma apaixonada, não são sócios
(o ACF tem apenas 230 sócios pagantes – dos quais 30 não têm uma ligação actual
ao clube – como pais de atletas da formação, dirigentes ou atletas e
treinadores).
Em suma, Fafe poderia sem dificuldade ter uma equipa na 1.ª divisão
nacional a lutar pelos primeiros 6 lugares da tabela, se esses milhares de ex.
atletas (alguns felizmente com condições até financeiras para ajudar como
patrocinadores). A realidade é bem diferente os apoios são muito diversificados
– as empresas por duas razões – pela exposição que o andebol por estar a
disputar um campeonato ao mais alto nível lhes pode dar – por amizade e
conhecimentos.
Muito pouco para um clube ímpar da cidade, se as condições não se
alterarem, no final desta época darei por finda esta minha missão num clube que
aprendi a amar (embora nunca tenha sido atleta), e de ver andebol que me
apaixonei sem reservas.
FD - Acha que a Formação é um sustento a curto prazo para a equipa sénior?
AM - O ACF cresceu muito em número de atletas, nas 12 equipas que compõem a
formação (Bambis, Minis, Infantis, Iniciados, Juvenis e Juniores), no género
masculino e feminino temos cerca de 240 atletas. No entanto existem algumas
dificuldades quando os atletas vão para a Universidade (Fafe não é uma
centralidade), acresce a esse facto que apenas uma percentagem mínima de
atletas consegue ser profissional de andebol, logo não ser visto como futuro.
Perante essa realidade poucos são os atletas que encaram o andebol como futuro,
embora, possamos dizer que a equipa tem no seu seio vários licenciados – 2
estudantes de medicina – conseguindo conciliar a prática do andebol com os
estudos a nível superior.
FD - O que promete aos aficionados do Andebol para a época que brevemente
vai ter o seu início?
AM - O empenhamento de toda a equipa (treinadores, equipa médica,
dirigentes e atletas), temos um grupo muito forte, penso que poderemos
surpreender no campeonato da 1ª divisão (uma equipa no essencial jovem mas com
muito talento). A nossa ambição passa por conseguir a manutenção e depois
atingir a melhor posição na tabela classificativa (o ACF conseguiu o 8.º lugar
a sua melhor classificação de sempre).
FD – Quer deixar alguma mensagem para alguém em especial?
AM - Queria agradecer à Câmara Municipal de Fafe (ao seu executivo – e em especial
ao Vereador do Desporto Dr. Pompeu Martins e ao Presidente Dr. Raul Cunha),
pelo carinho como sempre viram o andebol. Fafe é uma terra de andebol e o
slogan do Município “Fafe terra de emoção” - aplica-se ao andebol pois é sempre
uma emoção ver um jogo de andebol no nosso pavilhão municipal.
A todos os patrocinadores por me “aturarem” e ajudarem o ACF a ser um
clube de projecção nacional.
Aos antigos atletas, dirigentes e simpatizantes do Andebol Clube de
Fafe, para virem ao andebol, tornarem-se sócios e é sempre possível ajudar
financeiramente. Fafe merece ter um clube no maior patamar do andebol nacional
e ajudar-me nesta missão que só tem razão de ser se for vista como de todos e
não uma missão solitária.
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