Passei por todos os escalões da ADF e, à exceção de meia época no Arões SC, foi o único clube que conheci enquanto sénior.
Posso dizer que a minha vida foi a AD Fafe durante estes vinte anos. Enquanto CAPITÃO tentei sempre ser o melhor anfitrião possível e receber da melhor forma os novos jogadores. Tenho a certeza de que muitos deles se sentiram em casa e sinto que tive um papel importante nessa adaptação de grande parte deles.
Sacrifiquei a minha vida pessoal e profissional pelo clube do meu coração. Abdiquei de muitos DIREITOS para jogar no Fafe. Engoli sapos, defendi na praça pública decisões indefensáveis daqueles que gerem o clube.
Ao contrário do que fizeram comigo, nunca os difamei em restaurantes, cafés, etc. Porquê? Porque sabia que isso era difamar o Fafe e entendia que o meu estatuto de CAPITÃO não mo permitia. Eu, ao contrário dessas pessoas, sempre soube o lugar que ocupava.
Esta época, assisti incrédulo a uma destruição gradual e total de uma equipa vencedora e de carácter. Toda a gente que percebe um bocadinho de futebol, entende que as decisões que se tomaram ao longo desta época foram desastrosas. Não quero entrar em pormenores para não ser deselegante mas acho que há muito por explicar. Mas também não vou deixar que “sacudam a água do capote” e encontrem, naqueles que sempre defenderam o clube com sangue e suor, os bodes expiatórios de decisões ridículas e sem sentido.
Falam em limpeza de balneário como se os que estavam cá há mais anos fossem o “lixo" do clube. Esse “lixo" abdicou de muitos direitos para jogar no Fafe, fez por manter o grupo unido quando quem dirige o clube só o dividia e nem sequer fez greve UMA ÚNICA VEZ mesmo com meses de salário em atraso!
Talvez por ser assim, direto, frontal e defensor dos meus colegas, tenha saído prejudicado. Queriam que concordasse com decisões que sabia que estavam a levar a MINHA AD Fafe para o pior caminho, mas nunca o fiz! MINHA AD Fafe porque, por mais que queiram, não vão apagar-me da história do clube que amo!
O dia 4 de junho de 2016 estará para sempre na minha memória e na memória dos fafenses. Estou de rastos e lamento profundamente ter que sair desta forma, sem nunca sequer ter jogado um minuto no nosso Estádio renovado.
Com uma descida de divisão com um plantel que tinha tudo para ficar numa zona tranquila da tabela. Sem uma palavra de agradecimento ou, no mínimo, a frontalidade que se exigia de me dispensarem para poder seguir a minha vida profissional.
Quero, no entanto, agradecer a uma grande maioria dos agora meus colegas adeptos do Fafe pois serei mais um na bancada ao lado deles. As pessoas ficam, mas o clube e o meu amor por ele ficam para sempre!
A todos os meus companheiros e amigos que partilharam balneário comigo, aos treinadores (os que realmente o são) que acreditaram em mim e me respeitaram, eles sabem quem são. A algumas pessoas da estrutura que também sabem que prezo muito, a todos os roupeiros, à Dona Lina de quem vou ter imensas saudades e a todos os que me apoiaram ao longo destas DUAS DÉCADAS.
Aos "Fighters Boys" pelo apoio incondicional, por nos levantarem quando estivemos de rastos e por se sacrificarem tanto por um amor que temos em comum… Também serei, a partir de hoje, um dos vossos!
